sábado, 28 de abril de 2007

Evolução do petróleo

A evolução do preço do petróleo, apesar do aumento da produção em África (numa altura em que a ajuda externa, vinda dos países industrializados, está a diminuir e a ser substituída, em grande parte das nações doadoras, por uma ênfase nas transacções comerciais, como meio de auxiliar os países africanos a fugirem à pobreza), é uma ameaça imediata ao crescimento económico, e os problemas potencialmente mais perturbadores decorrem dos fortes desequilíbrios internos que se verifica. O défice externo gerado indicia situações dificilmente sustentáveis a prazo e a sua correcção desencadea perturbações significativas na situação económica e financeira dos países. Se é verdade que existe um amplo consenso sobre a insustentabilidade a prazo de tais desequilíbrios, já o mesmo se não verifica a propósito das suas causas ou dos mecanismos da sua correcção. É também consensual a análise das consequências dessas diferenças entre poupança e investimento na escala actualmente verificada. As tensões mais recentes sobre a inflação em diversos países vem demonstrar que não podemos ser complacentes com base apenas no ocorrido até agora nas reacções à subida do preço do petróleo.

Em Março, o preço do petróleo manteve uma trajectória ascendente, tendo a cotação média do brent atingido cerca de 62 dólares por barril. Nos primeiros dias de Abril, o preço do crude acentuou a subida que vinha registando desde o final do mês de Março, rondando os 69 US$, ou seja, o valor mais alto dos últimos seis meses. No Mercado de Futuros, o preço médio do barril de petróleo situou-se em 69 dólares para contratos com entrega entre Maio e Dezembro de 2007. O preço médio de importação de petróleo pode evoluir, em geral, ligeiramente abaixo das cotações internacionais se essa evolução reflectir uma descida do preço das ramas descarregadas medido em dólares e um efeito cambial favorável.

Apesar da forte subida do preço do crude, transaccionado nos principais mercados, o New York Mercantile (NYMEX), o International Petroleum Exchange in London (IPE) e o Singapore International Monetary Exchange (SIMEX), com reflexos directos nos custos dos combustíveis e electricidade, o consumo em África não se alterou (tendência crescente). Este comportamento poderá vir a alterar-se se o preço se mantiver em níveis elevados ou se voltarem a recrudescer. Isto coloca delicados problemas à gestão da política monetária, que não pode permitir a generalização de efeitos de segunda ordem do preço de petróleo sobre outros custos e preços, sob pena de consentir na perda de controlo sobre as expectativas da inflação. Entre os efeitos possíveis, caminhar-se no sentido de uma maior eficiência energética, encontra-se a maior utilização dos transportes públicos ou a procura de uma rentabilização do transporte automóvel privado.

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