segunda-feira, 9 de abril de 2007

China em África

Depois da dependência de Mao no poder coercivo e da de Deng no poder económico, a China procura um meio termo que use também o "poder da ideia", pois a tarefa de avaliação do poder chinês continua a ser algo crítica. Ao considerar-se o poder da China como coercivo não reflecte a realidade de crescimento acelerado nos campos económico e intelectual. Há cerca de 40 anos, o sociólogo Amital Etzioni definiu o conceito de poder "como o dos meios empregues para exercê-lo: coerção, incentivo material ou motivação intelectual, e que o poder pode ser constrangedor, remunerador ou normativo - ou reflectir, em termos crus, armas, dinheiro ou ideias". A estratégia complexa da China, envolve abertura ou globalização, e reforma através do mercado e da urbanização, sem acentuar, e limitando, a liberalização política, porque os interesses económicos parecem sobrepor-se a tudo o resto, como o respeito pelos direitos humanos ou pela democracia. O facto de um produto ter a etiqueta "Made in China" não significa que tenha sido feito na China. O país fica com as fases finais de montagem, que acrescentam menos valor, aproveitando a percepção da China que mudou, de ameaças para oportunidades económica. O papel do investiimento chinês no estrangeiro está em alta, coordenando com a sua capacidade, investimentos de empresas, tarifas e outras políticas comerciais, assistência ao desenvolvimento e apoio militar. Entretanto, a corrupção continua a ser um problema, tal como a segurança dos consumidores e a protecção dos direitos de propriedade intelectual. O interesse chinês em África tem sido motivado pelas necessidades crescentes de matérias-primas, nomeadamente petróleo e madeira. As trocas comerciais entre a China e os países da CPLP, excluindo Portugal, vão de vento em popa. Entre Janeiro e Outubro de 2006, Angola superou a África do Sul, tornando-se no maior parceiro comercial da China em África, com as trocas bilaterais a ascender a 7,18 mil milhões de euros, segundo o Ministério chinês do Comércio. Esta importância resulta do facto de Angola ser já, em África, o maior fornecedor de crude da China. Em Janeiro de 2005 Angola anunciou que ia contrair dois mil milhões de dólares em empréstimos, com baixas taxas de juro para reparar as suas infra-estruturas petrolíferas, uma verba que foi reforçada em Março de 2006 em mil milhões de dólares. Entretanto, embora a China seja contra as sanções impostas ao Sudão, tem neste país o seu terceiro maior parceiro comercial em África, com trocas a ascender a 2,9 mil milhões de dólares, entre Janeiro a Novembro de 2006, e no qual o Sudão foi responsável por menos de 3% das importações de petróleo chinesas. Deve-se se salientar que o petróleo sudanês é de mais fácil refinação, e a China investiu pesadamente nas infra-estruturas petrolíferas sudanesas, o que ajudou o país a tornar-se num exportador líquido de petróleo. Em todo o continente, vozes críticas se levantam, apontam o dedo a Pequim e aos líderes africanos, por inundar-se o continente com milhões de dólares, sem fortificar a luta contra a corrupção, melhoria dos direitos humanos, cumprimento da democracia e principalmente sobre a forma como a riqueza natural está a ser gerida!?

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