quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

II cimeira Europa-África

A segunda cimeira Europa-África (8 e 9 de Dezembro de 2007) aprovou a “Declaração de Lisboa” e o “Plano de Acção“, sob os efeitos dos APE que são acordos temporários que se destinam a substituir o actual Regime de Comércio Preferencial mas que a OMC considera contrário às regras internacionais de comércio. Um total de 13 países africanos assinaram os documentos. O Senegal, Nigéria e África do Sul continuam a resistir à sua aprovação, por considerarem que a imediata liberalização das trocas comerciais vai prejudicar a frágil agricultura e indústria africana. Na "Declaração de Lisboa", 53 países africanos e 27 europeus afirmam-se decididos em construir uma nova parceria política e estratégica para o futuro dos dois continentes, uma parceria de iguais, baseada no empenhamento efectivo das duas sociedades, tendo bem presentes os ensinamentos e as experiências do passado, mas também a certeza de que o futuro comum exige uma abordagem audaciosa que permita enfrentar com confiança as exigências dum mundo cada vez mais globalizado. A cimeira será recordada como um momento de maturidade e da transformação operada no diálogo de continentes, inaugurando novas vias de oportunidades para agir colectivamente em prol do futuro comum. Nesta Cimeira UE-África, fechada a comunicação social, foram adoptados uma Estratégia Conjunta, um Plano de Acção e um mecanismo de monitorização da sua implementação, compreendendo quatro grandes áreas de prioridades políticas: Paz e Segurança, Governação e Direitos Humanos, Comércio e Integração Regional e Desenvolvimento.
No que toca ao Comércio e Integração Regional, os principais objectivos são:
• Desenvolvimento do sector privado, apoiado em investimento estrangeiro, para reforçar a oferta nas economias africanas.
• Desenvolvimento e reforço da rede de infra-estruturas físicas necessárias ao movimento de pessoas, bens e informação.
• Integração económica e comercial, vital para aumentar as trocas comerciais sul-sul e norte-sul.
A Estratégia Conjunta será implementada através de sucessivos Planos de Acção que identificam os principais objectivos políticos a curto prazo (3 anos). O primeiro Plano de Acção está estruturado em oito Parcerias (Paz e Segurança, Boa Governação e Direitos Humanos, Comércio e Integração Regional, Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, Energia, Alterações Climáticas, Migração, Mobilidade e Emprego e Ciência, Sociedade de Informação e Espaço), cada uma das quais é constituída por um conjunto de objectivos.
Em relação à Parceria sobre Comércio e Integração Regional, os objectivos a prosseguir visam:
• Apoiar a agenda de integração africana.
• Reforçar as capacidades africanas na área de regras, standards e controlo de qualidade.
• Implementar a parceria no domínio das infra-estruturas.
Em termos do Mecanismo de Implementação da Parceria Estratégica UEÁfrica, prevê-se, entre outros aspectos, a elaboração de um relatório anual sobre os progressos na implementação do Plano de Acção. Ficou também decidido que a terceira Cimeira UE-África terá lugar em África, em 2010.

sábado, 24 de novembro de 2007

Valia do empreendedorismo

O empreendedorismo, captação de uma ideia para a vida, anda em voga por todo o mundo mas em África, parece haver alguma confusão, parece não se perceber, não se entender, qual o seu verdadeiro significado. Todos sabem que o conceito de empreendedorismo existe há já bastante tempo e tem sido utilizado com diferentes significados, apesar da sua popularidade ter renascido nos últimos tempos, como se de uma nova descoberta fosse. Evolução de um conceito ou um conceito em evolução? A palavra empreendedorismo deriva do francês "entre" e "pendre" que significa qualquer coisa como "estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor". Tomar decisões é a chave do empreendedor sobre obter e usar recursos assumindo o risco empresarial, de modo a transformar recursos em produtos e serviços úteis, criando a partida oportunidades para levar ao crescimento, sem olhar para quem controla os recursos, sustentando-se sempre em fontes de inovação, aplicadas a princípios da inovação de sucesso. O empreendedorismo que vai muito além da criação de negócio, para que África ressurja das cinzas de um passado marcado por factores negativos, deve assentar em certos tipos de valores para catapultar a mentalidade, "fontes de destruição criadora", através de um empreendedorismo por necessidade, ético, de capital, electrónico, familiar, comunitário, municipal, estatal, local, de idosos, mulheres e jovens. Com estes valores, obtém-se aquilo que todos anseiam, a valia global do empreendedorismo africano

sábado, 17 de novembro de 2007

Panorama económico de África

O último relatório do Banco Mundial: 'Indicadores de Desenvolvimento em África' para 2007 (analise aqui,), mostra que é necessário um investimento contínuo para sustentar um desenvolvimento no continente a longo-prazo. Caso contrário, poderá aumentar o fosso entre as nações ricas e as nações com uma economia parada. Segundo John Page, representante económico em África do Banco Mundial, 'pela primeira vez em cerca de 30 anos, vê-se um grande número de países africanos que começaram a mostrar um crescimento económico sustentado, com taxas semelhantes à de outros países em desenvolvimento de todo o mundo, excedendo a taxa de crescimento de países mais desenvolvidos'. A chave de tal evolução, é que "África aprendeu a negociar mais eficazmente com o resto do mundo, a confiar mais no sector privado e a evitar os sérios colapsos no crescimento económico que caracterizaram os anos 70, 80 e inícios dos anos 90.' Para as grandes mudanças em África, destacam-se três grupos distintos: os países exportadores de petróleo; os países em expansão, com diversidade económica; e os países que têm poucos recursos naturais, que são propícios a conflitos e que têm um pequeno ou mesmo inexistente crescimento. As desigualdades entre as taxas de crescimento destes grupos aumentam o risco de divisão do continente entre países que se tornam ricos e irradicam a pobreza e, países que continuam estagnados. Por exemplo, 60.5% do total do investimento estrangeiro líquido na África sub-saariana em 2005 foi para os países exportadores de petróleo. África do Sul e Nigéria possuem mais de metade do produto interno bruto da região. Infraestruturas fracas e os elevados custos de exportação de África, comparados com outras regiões do mundo, têm atrasado a evolução no continente, mais do que falhas existentes de empresas ou trabalhadores africanos. A volatilidade na África sub-Saariana tem dificultado o investimento. A corrupção é também um factor que limita investimentos importantes nas áreas da educação e saúde, 'o melhor exemplo disso reside nas economias ricas em recursos, onde estes são entregues a um número reduzido de corporações e governos'.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ricos e pobres em África

A globalização expansionista, adormece as pessoas (veja China) que aceitam uma visão da sociedade de produção e consumo sempre em expansão, uma sociedade em que o poder está nas mãos de uma pequena e forte elite económica facilitadora duma gestão eficiente do processo de produção/consumo derivadoras de todas as coisas boas da vida, mas em que a maioria das pessoas têm pouco poder de participação: direitos humanos atropelados, dignidade humana desrespeitada, desenvolvimento humano entravado e ambiente indiscriminadamente explorado. Este tipo de modelo económico-social, em expansão em África, não apresenta igualdade de oportunidades e muito menos valoriza o cidadão africano. No futuro para que o fosso entre ricos e pobres, que aumenta substancialmente, venha a diminuir de uma forma sustentável, justa e virtuosa é necessário actuar-se de forma eficiente, gerando externalidades empreendedoras em sete vectores chaves: governação (transparência e eficácia), educação (ensino, grau e qualidade de qualificação), formação ao longo da vida (novas oportunidades), serviços públicos (abragência, incidência, gratuidade e qualidade dos serviços), rede de protecção social (saúde, higiene, segurança, trabalho e acesso aos serviços públicos fundamentais pelos mais desfavorecidos), concorrência (mercado aberto, flexível e de verdadeira concorrência) e impostos (sistema de cobrança fiscal claro, simples e progressivo).

sábado, 3 de novembro de 2007

Ranking de competitividade global 2007-2008

Segundo o Fórum Económico Mundial (FEM), em termos de competitividade global, nos 10 últimos lugares estão 7 países do continente africano (veja aqui), Zâmbia no 122 ° lugar, Etiópia (123), Lesoto (124), Mauritânia (125), Moçambique (128), Zimbabué (129), Burundi (130) e Chade (131). Este relatório global de competitividade apresenta vários indicadores sobre o nível de desenvolvimento dos países. O indicador global de competitividade está organizado em 12 pilares (contra nove na edição anterior), dividos em 3 grupos: requisitos básicos (instituições, infra-estruturas, estabilidade macroeconómica, saúde e educação), impulsionadores de eficiência (mercados financeiro e laboral, formação, utilização das tecnologias, entre outras variáveis) e os factores de inovação e sofisticação (tamanho do mercado, sofisticação do negócio e inovação). Nos 10 primeiros lugares, liderança dos EUA, estão 6 países da UE (Dinamarca, Suécia, Alemanha, Finlândia, Reino Unido e Holanda).

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Fundos para o empreendedorismo

Um grande exemplo para ser seguido. A Ebay, a maior companhia online de leilões do mundo, criou um website (clique aqui) que permite às pessoas investir em empréstimos que ajudam pessoas a sair da pobreza, tendo em conta que negócios, não são caridade. O website, chamado MicroPlace, actua como um corretor entre os investidores comuns e as organizações de micro-finanças. Por tão pouco, como 100 dólares, os investidores norte-americanos poderão ajudar os empresários nos países pobres, sejam eles vendedores de café no Cambodja, ou cabeleireiros no Gana (leia aqui).

domingo, 28 de outubro de 2007

MIPEX 2006

Migrant Integration Policy Index (MIPEX) é um relatório revelador das boas intenções existentes entre as melhores práticas e as políticas reais na Europa, ao fornecer-nos dados claros, concisos e comparativos. Ao ser a ferramenta que aufere esse poder de referência à política de integração, todos devem estar expectantes face aos resultados de 2006 e ao lançamento de um debate sobre as políticas de integração na Europa, onde os mitos são desafiados pelos factos e as baixas expectativas pelo elevado padrão das melhores práticas, nas 6 áreas de políticas que delineiam o percurso de um migrante até à cidadania plena: acesso ao mercado de trabalho, reagrupamento familiar, residência de longa duração, participação política, aquisição de nacionalidade e antidiscriminação (Analise aqui , leia mais aqui e veja o site aqui).

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2008

A agricultura é a chave para o desenvolvimento, tendo em conta que os mundos da agricultura são vastos, diversificados e em muito rápida transformação, com políticas e investimentos de apoio adaptados ao nível local, nacional e global. África, para caminhar para o desenvolvimento sustentável, tem que reconhecer por um lado a pobreza de séculos de história de colonização e por outro os anos de inércia produtiva marxista, adaptando-se deste modo aos novos modos de pensar, encontrando na agricultura do século XXI, que oferece novas oportunidades para centenas de milhões de pessoas de muito baixo rendimento das áreas rurais, a saída da pobreza, suportada na agricultura de pequena escala, criação de animais, emprego na “nova agricultura” de produtos de alto valor, empreendedorismo e empregos na economia rural não-agrícola emergente (Analise aqui).

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Previsões económicas globais de Outono do FMI

Nas previsões económicas globais de Outono, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma aceleração das economias africanas de 6,1% este ano para 6,8%, com os países do Corno de África e da região Austral, incluindo Angola, a liderarem o crescimento. As economias dos países do Corno de África, em que se incluem Etiópia e Sudão, vão crescer em média 10,9% este ano, e 10,2% no próximo. Na África Austral, o crescimento vai acelerar de 9,2% para 11% no próximo ano, com Angola a liderar, registando uma subida do PIB na ordem dos 23,1% em 2007 e 27,2% no ano seguinte. As outras três sub-regiões consideradas pelo FMI - Grandes Lagos, Centro e Oeste e a Zona Franco CFA - também vão acelerar deste ano para o próximo. «A aceleração do crescimento reflecte em larga medida a entrada em produção de novas instalações em países exportadores de petróleo, como Angola e Nigéria, mas prevê-se que muitos outros países na região continuem com ritmos de crescimento relativamente elevados, mantendo a inflação moderada». Contra a tendência média dos países do continente abaixo do Saara, a África do Sul, abrandará para 4,7% este ano e 4,2% em 2008. O FMI alerta, contudo, para os riscos existentes num abrandamento da economia global, que «reduziria a procura para as exportações africanas de matérias-primas» e também nos «desenvolvimentos políticos internos» nalguns países. Para o FMI, a região «está a desfrutar do melhor período de crescimento sustentado desde a independência», com os países produtores de petróleo a liderarem. Para Cabo Verde, é previsto um crescimento de 6,9% este ano e 7,5% no próximo. A economia da Guiné-Bissau deverá crescer 2,5% em 2007, abrandando para 2,1% no próximo ano. Também nos níveis de pobreza, adianta, se registam progressos, graças a «uma combinação potente de ambiente externo favorável, implementação acertada de políticas e a crescente abertura das economias da região, alcançada não apenas pelos exportadores de matérias-primas, mas também por países costeiros e mesmo sem acesso ao mar». Quanto a Moçambique, o crescimento deverá abrandar dos 8,5% do ano passado para 7% em 2007 e 2008. São Tomé e Príncipe também está em abrandamento, dos 7% de 2006 para 6% nos dois anos seguintes. As projecções do FMI para a África sub-saariana apontam ainda para uma abrandamento da inflação, de 7,6% este ano para 6,7% no próximo, e um desagravamento do défice corrente, de 3% para 1,6%, no mesmo período. Para Angola prevê-se uma inflação de 9% este ano, e de 7,3% no próximo, e um excedente de 7,6% e 10,7%, em 2007 e 2008. Na região, afirma o FMI, o investimento estrangeiro «tem sido particularmente forte para os países ricos em recursos naturais, mas também noutras zonas, por exemplo para financiar projectos turísticos». O fundo alerta que as economias petrolíferas «devem ser cuidadosas gastando as imensas receitas de uma maneira prudente, sem sobrecarregar a capacidade de absorção doméstica e realizando poupanças para as gerações futuras». «Para tirarem completo partido da globalização, os países da região têm de continuar a construir instituições que ajudem a manter uma melhor gestão macroeconómica, levar acabo reformas na governação e outros âmbitos para fortalecer o combate à pobreza e desenvolver a envolvente de infra-estruturas e negócios» (Analise aqui).

domingo, 14 de outubro de 2007

Bilhões perdidos em África

Os 15 anos e os 23 conflitos entre 1990 e 2005 fizeram com que as economias africanas minguassem a uma média de 15% ao ano (um custo de quase 18 bilhões de dólares por ano), tirando-lhes deste modo cerca de 300 bilhões de dólares norte americanos, praticamente o mesmo dinheiro da ajuda internacional destinada ao continente neste período, segundo um estudo da ONG Oxfam International (Analise aqui). O valor gasto com as guerras poderia ter sido usado para tentar resolver a crise da sida, prevenir a tuberculose e a malária, fornecer água potável, saneamento e educação. Este desvio de fundos com impacto muito negativo nos países em conflito, também afectou os países vizinhos em termos económicos (insegurança política e fluxo repentino de refugiados), num continente onde a mortalidade infantil é de 50%, uma esperança média de vida é cinco anos mais baixa do que os países que estão em situação de paz e 15% da população sofre de desnutrição.

sábado, 13 de outubro de 2007

Casa "tipo sanita"

Empreendedorismo especial para África. Casa “tipo sanita” de 419 m2 (veja aqui) "um exemplo de conservar a humanidade das doenças e de proteger o ambiente", foi erguida na cidade nativa de Suweon, 40 quilômetros a sul de Seoul. Por uma noite, o aluguer é de 50.000 dólares. Os rendimentos conseguidos serão aplicados em países pobres promovendo condições sanitárias apropriadas, numa campanha que focaliza um ajustar dos padrões internacionais para toaletes públicos limpos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Facilidade de negociar em África

Segundo o Banco Mundial, fazer negócios em África, passou a ser mais fácil relativamente ao ano anterior, conclusão esta, dum estudo de 178 países, intitulado "Fazer Negócios", cujas acções reformistas permitiram diminuir a burocracia, melhorar o acesso a linhas de crédito e a renovação das leis que governam o comércio. (Analise aqui)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os melhores países de África

Segundo a Fundação Mo Ibrahim, os melhores países de África, entre 48 dos 52 países (não contempla os países ao Norte do Sara) em termos de Segurança, Transparência e Corrupção, Direitos Humanos, Desenvolvimento económico sustentável, e Desenvolvimento Humano, são as Maurícias, Seychelles, Bostswana, Cabo Verde (melhorou face ao ano passado) África do Sul, Gabão, Namíbia, Gana, Senegal e São Tomé e Príncipe. (Analise aqui)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Túnel Europa - África

Enquanto se discute a presença de Mugabe em Lisboa, tendo a UE em vigor sanções contra o regime de Mugabe desde Fevereiro de 2002 (proibição de vistos, congelamento de activos e embargo ao fornecimento de armas, principalmente dirigidas contra os responsáveis governamentais e altos funcionários do país), planos dos governos de Espanha e de Marrocos de ligarem os continentes, Europeu e Africano, tem estado nos últimos tempos a ganhar dimensão, conscientes dos riscos mas esperando que com a ligação ferroviária se dê um passo enorme, resultante dos avanços da ciência e das novas técnicas de controlo do custo inicial da obra orçada em 10 mil milhões de euros.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Processo de globalização

O processo em curso, controlado e determinado pelos grandes investidores estrangeiros, agrava as desigualdades entre continentes, entre países, entre regiões, entre pessoas. O Mercado e sobretudo o Dinheiro, são soberanos das decisões e árbitro dos conflitos, moldando a sociedade, imperando a lei do mais forte, onde não se olha aos danos colaterais provocados pela colonização e guerra económica em curso. O Mercado cego, não vê, ou ignora, todos os efeitos negativos que provoca. Os economistas convencionais, chamam a este fenómeno de externalidades, para não os incluir nos custos e justificar preços artificiais. Estes efeitos são visíveis, por um lado, no meio ambiente, não se dá vazão aos eflúvios da produção e do consumo, reduzindo a biodiversidade e esgotando as matérias-primas essenciais, e por outro lado, no aumento das injustiças sociais, da pobreza, da exclusão, da violência, da criminalidade, do declínio de territórios imensos, tanto em meio rural como em meio urbano.
O cidadão africano exige que haja um resolução ou minimização imediata do problema que está na sua origem, como sobretudo actuar-se sobre as suas causas e capacitar as pessoas afectadas para que de uma forma mais autónoma, construam as bases necessárias para um futuro comum, menos incerto e capaz de garantir melhores condições materiais e imateriais de vida. Os territórios em declínio, com forte despovoamento e/ou envelhecimento, pessoas excluídas ou em forte risco de exclusão, necessitam dum processo de natureza educativa e de medidas substantivas onde se adopte cursos de segunda oportunidade escolar ou de formação profissional, incentivos ao auto-emprego e à microempresa, acompanhadas por um processo intenso de forma a transformar os cidadãos em efectivos participantes do processo em curso, apoiando-os num percurso que lhes permita atingir com sucesso os projectos pessoais ou colectivos em que se revejam, se responsabilizam e para os quais se sintam confiantes e capazes. É uma função crucial a desempenhar, sobretudo tendo em vista a inclusão da população africana marginalizada do acesso a serviços e bens essenciais à sua qualidade, e uma função que o Estado não cumpre e o Mercado recusa, por se tratar de uma clientela insolvente, logo de fácil montra a pedidos de ajuda financeira externa que serve, em grande medida, para outros fins.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Intervenção crescente da China em África

O comércio bilateral entre a China e os países de língua portuguesa aumentou cerca de 60% no 1º semestre, para 18,8 mil milhões de dólares (segundo a agência noticiosa portuguesa Lusa). Este fluxo deve atingir os 50 mil milhões de dólares até 2009, cujas relações económicas bilaterais será moldado cada vez mais por oscilações de vantagens comparativas e alterações nas cadeias globais de abastecimento. As exportações africanas para a China cresceram mais de cinco vezes desde o ano 2000, tendo atingido 28,8 mil milhões de dólares no ano passado; a China exportou em 2006 quase 27 mil milhões de dólares para o continente africano, também um crescimento de cinco vezes no referido período. As importações africanas da China são constituídas principalmente por bens manufacturados (45%) e maquinaria e equipamento de transportes (31%), enquanto as chinesas repartem-se pelo petróleo (62%) e derivados (13%) e outros (17%), em que se incluem produtos agrícolas. Neste sector, há em África uma grande procura por satisfazer mas cabe aos governos assegurar o correcto aproveitamento, a nível económico e social, nos respectivos países, dos dividendos do processo de interligação crescente.

sábado, 1 de setembro de 2007

Empobrecimento do solo africano

A dotação no continente africano, de capacidade e infra-estruturas minimamente eficientes, promovendo mais emprego, mais produção e menos dependência de ajuda externa, e sua integração na grande rota comercial da globalização tem causas, os impactes ambientais.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mutilação Genital Feminina (MGF)

A remoção do clitóris “Mutilação Genital Feminina” e “Circuncisão Feminina” são usadas para se referir ao mesmo fenómeno: a excisão, a clitoridectomia, a infibulação e todas as outras práticas semelhantes. Ela é muito comum em 28 países de África, de regiões do Oriente Médio e da Ásia e é feita por parteiras ou por mulheres idosas da comunidade, que utilizam objectos cortantes, como lâminas ou pedaços de vidro (as meninas são submetidas a uma operação sem quaisquer tipos de anestesia e preparação sanitária ou médica, com objectos que chegam a ser utilizados diversas vezes sem que sejam esterilizados). Sejam quais forem as razões, a MGF é antes de mais uma violação dos direitos da criança, é obsoleta para qualquer sociedade que preze os direitos humanos e traz consequências graves quer físicas quer psicológicas. "Nenhuma razão cultural, médica ou outra poderá jamais justificar uma prática que causa tanta dor e sofrimento", "Independente da origem cultural, ela é completamente inaceitável e deve ser ilegal onde quer que aconteça." disse David Blunkett, ministro do Interior inglês em 2004.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Distribuição de água no continente africano

As fontes de abastecimento de água potável estão praticamente a extinguir-se. No ano de 2025, esta procura irá crescer fortemente, com tendência a afectar a saúde humana, o crescimento da economia, a estabilização política e o meio ambiente.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Empreendedorismo africano(2)


...Afinal o que é, e para que serve o empreendedorismo? O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo e tem sido utilizado sob diferentes significados. Contudo, a sua popularidade renasceu nos últimos tempos, como se tivesse sido uma "descoberta súbita" e viesse definitivamente alterar a economia. Será que todos sabemos para que serve? Há certamente dúvidas. Será que o empreendedorismo, relacionado com a criação de empresas, tem a ver apenas com empresas de inovação? A ideia de que existe uma forte ligação entre inovação e empreendedorismo é defendida por Peter Drucker quando diz "inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio através do qual explora-se a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente". Pode então, ser apresentada como uma disciplina, pode ser aprendida, pode ser praticada até morrer, e está-se sempre a aprender, indisfarçavel, confrontando-nos com a dramaticidadede de nos mantermos competitivos no mercado, de conseguirmos ser "operacionais" em diversos cenários organizacionais (saber-ser, saber-fazer e saber-agir), transformarmando o léxico do gestor de que os pobres não são vítimas ou pesos, mas empreendedores criativos e consumidores conscientes. Estamos a falar de cerca de 80% da humanidade, mais de 4 mil milhões de pessoas que esperam melhor qualidade de vida e precisam da intervenção no seu desenvolvimento. África só pode aspirar ao crescimento económico sustentável se tornar a sua administração pública e empresas mais eficientes, abertas e competitivas. Todas as ilusões, em contrário, são altamente nocivas e só beneficiam quem dispuser de poder de mercado que lhes permite tirar partido da fraqueza dos consumidores, dos contribuintes e dos concorrentes mais fracos. Estas são as questões a tratar. O caminho a percorrer é longo e difícl, em boa medida, porque está em causa a alteração de hábitos e preconceitos acenstrais. Os sucessivos diagnósticos de África identificam como causas do menor grau de desenvolvimento o conjunto de custos de contexto. É reconhecido ser essencial promover a simplificação da legislação e dos procedimentos das áreas centrais da actividade das instituições e das empresas, bem como desenvolver práticas de avaliação sistemática do seu impacto, como forma de acelerar o desenvolvimento económico, ser capaz de atrair investimentos e projectos, nacionais e estrangeiros, de qualidade, que criem valor acrescentado, aumentando o emprego.


Os passos no sentido do domínio dos fundamentos de gestão de um projecto é, de certa maneira, a identificação das características que diferenciam o mercado "internacional" do "doméstico", para procurar de seguida os instrumentos adicionais de gestão que permitam conciliar o "projecto doméstico" e o "projecto internacional", se é que tais diferenças existem, mas tal não deve deixar de ser feito por inalienáveis razões de carácter metodológico, pois a empresa que não está habituada a defrontar a concorrência estrangeira no "seu" próprio mercado sofre um impacte negativo, ao nível primário dos produtos importados e vê-se confrontada pelo aprofundamento do processo interno, de integração africana, com uma concorrência em todos os mercados em que opera a montante e a jusante, isto é, não só nos mercados dos seus produtos, mas também no mercado de factores (mão-de-obra, matérias-primas, entre outros) e até no "mercado institucional", sofrendo a imposição de novas regras, também elas "importadas". Esta internacionalização "passiva", ou "por contacto", não pode ser ignorada na formulação de estratégias das empresas, por pequenas que sejam. Neste sentido, grande parte das empresas africanas deve encontrar-se também num processo de internacionalização. É que, do ponto de vista geográfico, no mercado relevante de cada uma delas encontram-se produtos (se não mesmo empresas) estrangeiros em competição directa com os dela. Nesta perspectiva, só as muito pequenas empresas, em mercados de expressão regional muito reduzida e com características de quase-autarcia, parecem estar imunes a esta internacionalização por contacto, pelo menos em termos directos e estáticos. Em termos indirectos e dinâmicos, todavia, não se crê que essa situação seja durável porque, a todo o momento, pode aparecer um novo produto importado. O acto de gestão do empreendedorismo, pelo gestor deve ser feito com base num diagnóstico consciente que incorpore todos os elementos significativos para a análise, designadamente a componente internacional. Vale isto por dizer que a focalização na internacionalização "de dentro para fora", isto é, centrada nos movimentos de desenvolvimento estratégico de empresas localizadas num país africano, devem passar de uma atitude passiva para uma pró-activa, o da criação de valor no contexto de uma economia de mercado. As empresas procuram desenvolver actividades em que os recursos consumidos (encarados em termos latos) sejam inferiores aos proveitos que delas decorrem - criando, com isso, valor. Esta noção pode ser estendida a outras organizações, nomeadamente a entidades non profit, caso em que os proveitos decorrentes da actividade não se medem exclusivamente na perspectiva da própria organização, porque há outros grupos que retiram benefícios da actividade desenvolvida, impondo-se, por isso, uma medição mais ampla que os englobe. Sempre que as organizações actuam em mercados competitivos, a experiência mostra que a concorrência cria condições que levam, mais tarde ou mais cedo, a que o custo dos recursos consumidos para desenvolver uma actividade se aproxime dos benefícios que dela são extraídos. Para evitar que isto aconteça, há que encontrar formas de diferenciar a oferta. A organização sobrevive quando o seu nível de eficiência é suficiente para continuar a operar no segmento de mercado determinado pelo grau de diferenciação conseguida. Todos nós estamos mais ou menos familiarizados com o paradigma da concorrência perfeita, muito usado em Economia para ilustrar condições extremas de funcionamento dos mercados. Em concorrência perfeita não há diferenciação: todas as empresas que actuam no mercado são semelhantes, com igual capacidade de negociação com clientes ou fornecedores e nula capacidade de influenciar preços. Daí que ninguém obtenha rendimentos anormais e que os recursos consumidos acabem por ser idênticos aos benefícios extraídos da actividade - o lucro económico é nulo por força da concorrência entre múltiplos agentes não diferenciados.


Apesar destas diferença, devemos ter a consciência de que as organizações incapazes de se diferenciarem dos seus concorrentes dificilmente serão alguma vez capazes de criar valor, ou, no mínimo, de sustentar durante muito tempo a sua capacidade de criar valor. As organizações diferenciam-se de formas muito variadas:
- algumas são dotadas de uma arquitectura organizacional que lhes confere uma flexibilidade, uma capacidade de acumular conhecimento e de o distribuir internamente que as torna instituições de excepção nos mercados em que operam;
- há instituições e empresas cuja reputação conquistada representa uma vantagem única sobre os concorrentes e que usam essa característica diferenciadora para aceder a mercados onde conseguem criar valor;
- há empresas que nasceram sob a luz de uma estrela particularmente favorável: por exemplo, o Estado atribuiu-lhes um monopólio legal. Aproveitando essa capacidade diferenciadora, só muito dificilmente não conseguirão criar valor;
- outras empresas, ainda, cresceram de tal forma que adquiriram uma posição dominante no mercado, a capacidade diferenciadora que lhes permite criar valor.

Mas, para além destas, existe uma capacidade diferenciadora importantíssima que, quando correctamente aplicada pode conduzir à criação de valor: a capacidade de inovar. Mercado livre e concorrência não falseada são ojectivos e a razão de ser do projecto africano. Apesar destes objectivos, vive-se inteiramente fora do tempo, muito pouco a ver com preocupações sociais e nos incentivos para investir. Pergunta-se normalmente, como é possível que a governação africana apoiada por "sofisticadas máquinas", em termos de comunicação social, revele a cada passo tanta incapacidade de transmitir correctamente a população as suas mensagens? O simples facto de terem dito não é suficiente. É necessário que sejam entendidos, tal como pretendiam, de modo que a população africana adopte o seu próprio ritmo e se provoque o ponto de viragem, retratada numa equação mais vasta, tendo em conta os recursos mobilizados para as funções sociais, os resultados e outras realidades sociais. Esta necessidade é ainda maior quando se torna claro que não existe uma correlação simplista entre os recursos públicos associados as políticas sociais e os desempenhos dos países africanos na competitividade e na coesão. É necessário ter em conta as grandes tendências e interrogações. As economias africanas, tal como os seres humanos, nascem (formam-se), crescem (vivem crises de adolescência), amadurecem (normalizam-se as relações internas, onde cada um sabe o que tem a fazer, apontam-se objectivos comuns), atingem resultados e começam o respectivo declínio (até morrerem...). Será possível ressistir a este ciclo? O saldo das relações económicas tem sido negativo em África, traduzindo-se em mais consumo, mais gastos face ao que se produz, e compensado por mais ajuda e endividamento externo que se terá de pagar mais cedo ou mais tarde por níveis de desperdícios obscenos e por um comportamento irracional dos governantes africanos. Mas para que o desiderato popular se cumpra, é necessário desenvolver, com carácter prioritário e consistente, uma nova cultura institucional de excelência. Adicionalmente, os africanos terão de ser capazes de servir de suporte à implementação, em tempo útil e com sucesso, as estratégias melhor adequadas para as exigências do processo de mudança porque os pobres não são vítimas ou pesos, mas na maioria empreendedores criativos e consumidores conscientes.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Salários mínimos

O salário mínimo de Moçambique é de 60 dólares norte-americanos (cerca de 1.529 meticais ao câmbio de USD 25.49), contra os cerca de 110 dólares americanos (aproximadamente 2.800 meticais) auferidos por um trabalhador da mesma categoria no Botsuana. A Namíbia paga perto de 65 dólares, o Madagáscar cerca de 70 e a África do Sul pouco mais de 100 dólares. Entretanto, em Cabo-Verde discute-se que é preciso dar aos caboverdianos empregados o mínimo de convergência para a sua subsistência, um salário mínimo de convergência e diversificado em função dos sectores de actividade. Parafraseando o Primeiro-Ministro José Maria Neves: o próprio mercado deve estabelecer os níveis salariais que prefere pagar, deve-se trabalhar para gerar novos empregos de modo a reduzir substancialmente a taxa do desemprego antes de pensar-se na fixação de um salário mínimo. Por exemplo, a Guiné-Bissau tem um salário mínimo e deve aos seus funcionários 10, 12 meses de salários. Angola tem um salário mínimo de 40 e tal dólares..., Cabo-Verde nas construções das imobiliárias turísticas, o salário mínimo é de 17 mil escudos e um salário médio de cerca de 35 mil escudos, na função pública o salário mínimo é de 14, 15 contos.

sábado, 28 de julho de 2007

O colapso do Zimbabué (2)

...Intensifica-se a campanha de detenção de comerciantes e empresários, com a acusação de ignorar as exigências do Governo para reduzir para metade os preços ao consumidor. Por exemplo, as bombas de gasolina são obrigadas a baixar os preços em 66% e as empresas rodoviárias a reduzirem as tarifas em 80% (devido a descida dos preços do combustível). Um economista do Executivo "garante que esta política de preços tem surtido efeito, no fortalecimento do dólar do Zimbabué (ZWD) no mercado paralelo face à libra esterlina". Os Banqueiros, pelo contrário, afirmam que "o fortalecimento do dólar do Zimbabué se deve ao decréscimo da procura de moeda estrangeira", porque "ninguém quer apostar nas importações, seja de combustível ou outras, para depois vender com prejuízo". O preço das acções na Bolsa de Valores do Zimbabué aumentou 90 vezes no primeiro semestre de 2007, e ao atingir o pico máximo, nestes últimos dias, caíu cerca de um terço. Os corretores atribuém o colapso do mercado ao dito "medo dos investidores, que receiam que as empresas cotadas sejam obrigadas a vender com prejuízo ou que possam ser nacionalizadas". Segundo o FMI, esta medida "contribui para agravar a escassez dos produtos e, deste modo, fomentar ainda mais a inflação". A inflação anual no Zimbabué é colocada perto dos 5.000 % ao ano e poderá chegar aos 100 mil por cento no final de 2007 (opinião de Bio Tchane, director do Departamento Africano do FMI). Neste momento, na prática, o preço de um pão custa agora 50 vezes mais do que há um ano. O governo para contornar e controlar esta subida galopante do custo de vida, criou a nova nota de 200 mil dólares zimbabueanos.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Empreendedorismo africano(1)

Os problemas fazem parte integral do quotidiano dos africanos. Tende-se a pensá-los como algo negativo. Contratempos que evitam que os planos possam ser perfeitos e as suas implementações exemplares. Fáceis, previsíveis, importantes, os problemas, são de todos os tipos, na vida de qualquer pessoa. A única maneira de não ter problemas é nada realizar, nada querer melhorar ou modificar, por nada nos esforçarmos. Como esse estado de aceitação infinita não é compatível com a vida em sociedade, ter problemas é inerente a qualquer realização. A verdade é que os problemas são os nossos melhores amigos. Ajudam-nos a ser melhores, a desenvolver-nos. Não nos deixam estagnar. Testam os nossos limites. Obrigam-nos a superá-los. Põem a nu o que de melhor temos. Modificam as nossas crenças e a nossa maneira de pensar. Transformam-nos. São os problemas que justificam o nosso rendimento pois é pela capacidade de resolver problemas que se distingue a qualidade de cada um. Os medíocres só conseguem trabalhar quando não há problemas. Os razoáveis resolvem os problemas conhecidos, aplicando as soluções do costume. Os bons resolvem os problemas difíceis que quase ninguém consegue. Os excelentes inventam problemas para resolver antes que aconteçam. Dos muitos diagnósticos de África, às vezes, lembram-nos uma fábula budista em que cinco cegos tocam num elefante. Cada um toca numa parte do elefante e diz que são coisas diferentes: uma corda, uma árvore, uma parede,...(tudo dependendo da parte do elefante em que tocavam).

África é um continente com grande potencial, mas com graves deficiências, como a falta de estruturas de saúde, educação, fraca consolidação democrática, guerras e corrupção. É a única região do mundo em declínio. Os testes de esforço financeiro, são muito claros quando usados em estudos económicos, dão-nos a perceber o que acontece, no caso de crescimento do PIB, inflação, desemprego, endividamento das famílias e das empresas, desempenho dos bancos e das seguradores, preços das casas, evolução da bolsa, competitividade das exportações, etc. Embora muitos países tenham feito uma transição para a liberdade, esta não é definitivamente, uma expressão que possa ser aplicada ao mapa africano. Segundo dados da organização internacional Freedom House, dos 52 países apenas onze são classificados como “livres”. Será que os africanos querem mesmo assegurar o desenvolvimento da economia africana? Para os africanos em geral vive-se da incerteza do que lhes reserva mais um dia, habituados à fome, à miséria extrema, à indiferença, apesar de algum progresso feito e das promessas de reduzir a pobreza extrema até 2015, mas as metas ainda estão longe de ser alcançadas, sobretudo na região da África Subsariana, onde o fosso de pobreza continua a ser o maior do mundo. Por exemplo, até 2008, 3,3 biliões de pessoas - ou metade da população mundial actual – viverá em áreas urbanas. Esse número aproximará a 5 biliões de pessoas até 2030, cerca de 60% da população mundial, segundo estimativas do Fundo de População das Nações Unidas (in Relatório da “Situação da População Mundial 2007”), e cujo crescimento da população urbana será mais intenso em África e na Ásia, pois estima-se que, no espaço de uma geração, entre 2000 e 2030, a população urbana da Ásia crescerá de 1,4 bilião para 2,6 biliões de pessoas e do continente Africano, de quase 300 milhões para 740 milhões. Este crescimento urbano futuro, será na sua maioria de gente jovem e ambiciosa pronta para dar o "salto". Será que não existe uma solução para uma urbanização adequada em África que possa ajudar a reduzir a pobreza, nomeadamente acesso à terra, lotes com infra-estruturas básicas (ruas de acesso, abastecimento de água, saneamento, energia, recolha de lixo e um endereço postal)? Ou este agravamento da desigualdade é a inevitável consequência do novo modelo do capitalismo global da era Web? No livro “A Cultura do Novo Capitalismo” de Richar Sennet, somos confrontados com um modelo que faz vítimas entre pessoas qualificadas e não qualificadas. É um mito pensar que quem estuda terá emprego. Este “novo capitalismo” que deixou de ser weberiano (de Max Weber) para ser Webriano (de Web) tem mais semelhança com os primórdios da revolução industrial que com os tempos que se seguiram. O problema está em usarmos e aplicarmos muitas vezes mal as palavras, e não os conceitos em si, e no meio disto tudo, corre-se o risco de passaram a clichés sem ter impacto no problema fundamental – um fraco espírito de empreender, de inovar, de mexer, de criar…

terça-feira, 12 de junho de 2007

Luta contra o trabalho infantil

Dia mundial de luta contra o trabalho infantil. Esta data não pode reduzir-se a um mero ritual, alheio das dificuldades da população pois milhões de crianças em África continuam sendo vítimas de males como a pobreza, doenças e conflitos armados. As infâncias destas crianças são desperdiçadas em trabalhos de pouco valor económico, que as mantêm a um nível abaixo da de subsistência e lhes entorpece a mente, para além de minar a criatividade e o potencial de aprendizagem de comunidades inteiras de futuros trabalhadores. Estas crianças são exploradas de 12 a 16 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano e o número é crescente dia-a-dia especialmente em África onde o trabalho, pode-se considerar que resume-se a buracos de lama, campos de secagem, fornos, montes de pedra, vendas ambulantes, exército considerados rebeldes, entre outras actividades pouco claras a luz do dia e onde as meninas cumprem uma dupla jornada de trabalho, realizando tarefas domésticas, cozinhar e cuidar da família, o que reduz ainda mais o seu tempo de lazer. À noite, muitas delas dormem ao relento ou em abrigos improvisados totalmente desprovidos de condições sanitárias. O abandono escolar é preocupante. Para elas não há escolas e, para muitas, não há nem mesmo família. Para outras ainda os pais foram forçados a vendê-las como escravas ou então dependem dos míseros salários que elas podem fornecer. Muitas iniciativas estão em andamento. Para tal precisamos de combater a corrupção nos governos, que permite a expansão do tráfico e desestabiliza muitas economias. A Convenção nº 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no seu artigo 2º, item 3, fixou como idade mínima recomendada para o trabalho em geral a idade de 15 anos. No caso dos países-membros considerados muito pobres, a Convenção admite que seja fixada inicialmente uma idade mínima de 14 anos para o trabalho. Recomendou ainda uma idade mínima de 18 anos para os trabalhos que possam colocar em risco a saúde, a segurança ou a moralidade do menor e sugeriu uma idade mínima de 16 anos para o trabalho que não coloque em risco o jovem por qualquer destes motivos, desde que o jovem receba instrução adequada ou treinamento vocacional. Moçambique ratificou as Convenções 138 e 182 da OIT, sobre a proibição do uso de crianças para a exploração do trabalho infantil, em 2003, estipulando a idade de 15 anos como a mínima recomendável para o emprego de crianças no trabalho. Angola, Cabo Verde e S.Tomé e Príncipe estipularam os 14 anos, enquanto que Brasil e Portugal passaram a considerar os 16 anos. A OIT estabeleceu o ano de 2016 como meta para se acabar com a exploração do trabalho infantil no mundo. A responsabilidade de todos é pesada e exigente. Exige-se dignidade, rigor e competência.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Dia de África

Dia da Libertação de África. Na reunião de 1963 (25 de Maio), em Adis Abeba, capital da Etiópia, líderes africanos criaram a OUA (Organização da Unidade Africana), hoje, União Africana. Dada a importância, a ONU (Organização das Nações Unidas), instituíu em 1972, o dia 25 de Maio, como o Dia da Libertação de África. A OUA ao mostrar-se incapaz de resolver os conflitos surgidos, em todo o continente (guerras, golpes de estado, enorme dívida externa,…), em 1979, fez-se a projecção da necessidade de criação de uma Comunidade Económica Africana (CEA), semelhante à existente na Europa naquela altura. Dez anos depois (1990), a ideia deu os primeiros passos. Chefes de estados da OUA, convidados pelo seu homólogo Líbio, Mouamar Khadafi, reuniram-se extraordinariamente na cidade de Sirte para a criação, não da CEA, mas da União Africana (UA). No dia 11 de Julho de 2002, a UA foi institucionalizada, em Durban, África do Sul, tendo como objectivo fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante às mudanças sociais, económicas e políticas, bem como fazer face aos objectivos enunciados na carta da OUA e no projecto de criação da Comunidade Económica Africana. Nesse sentido, os países africanos estão dispostos a abdicar um pouco da sua soberania e partilhá-la, em múltiplos aspectos, para benefício comum. Paz e desenvolvimento harmonioso são os dois vectores essenciais, deste sonho africano. E para que estes objectivos essenciais nunca se percam, os passos a serem dados pela União Africana podem ser lentos, desde que seguros. Isto quer dizer que a pressa de alguns líderes mais fervorosos e dos mais impositivos deve ter em conta a vontade dos povos (povos do dito corno de África, do Norte de África, do Centro de África, do Sul de África e da Senegâmbia), directa ou indirectamente, pois ainda que seja bem intencionada, a pressa não é boa conselheira porque os consensos e as condições propícias para certos passos levam tempo a serem criados, logo o mais sensato e razoável é ir dando tempo ao tempo, apoiando-se em trabalho produtivo.

O incremento do crescimento económico na África Subsariana está dependente, em grande medida, do aumento dos investimentos em infra-estruturas, da melhoria do clima de investimento, do aproveitamento de qualificações para fins de inovação e de criação de capacidade institucional em todo o continente. O carácter lento e errático do crescimento, sobretudo quando comparado com outras regiões em desenvolvimento, têm sido a principal razão. A pobreza extrema (menos de um dólar por dia em necessidades básicas) aumentou de 36 % da população em 1970 para cerca de 50% da população (300 milhões de pessoas) em 2000. As questões que se levantam normalmente são três questões chave: (i) quais são as oportunidades e opções de crescimento que existem à disposição da gama diversificada de países africanos; (ii) quais são os principais constrangimentos à exploração destas oportunidades e (iii) quais são as escolhas estratégicas a serem feitas pelos governos africanos, bem como pelos parceiros de desenvolvimento, incluindo o Banco Mundial. Numa análise de 45 anos de crescimento de África, verifica-se que é urgente uma gestão prudente dos rendimentos dos recursos, dos choques e a criação de condições para atraírem novos investidores, contemplando medidas que ajudem a elevar a produtividade dos investimentos existentes e dos novos. A característica distinta da experiência de crescimento de longo prazo de África é o seu histórico formato em U, revelando uma profunda e prolongada contracção do crescimento entre 1974-1994, um período condensado entre taxas de crescimento moderadamente altas da década de 60 e dos anos que se seguiram a meados da década de 90. A desaceleração global dos anos 70, que começou com um conjunto de choques no mercado energético e nas matérias-primas tropicais, levou muitos países africanos a uma contracção absoluta, que durou cerca de 20 anos – as décadas perdidas – mas, em 2005, o crescimento africano retomou os níveis dos anos 60 para economias muito maiores e mais diversificadas. A partir de 1995, mais de um terço dos países da África Subsariana regista taxas de crescimento médias superiores a 5%. Dois factores principais são apontados como a causa do lento crescimento de África ao longo das décadas perdidas: uma taxa relativamente baixa de acumulação de capital e uma reduzida taxa de crescimento da produtividade para os investimentos que eram feitos na região, comparativamente à produtividade registada noutras regiões em desenvolvimento. Se bem que os rendimentos per capita em África e na Ásia Oriental fossem praticamente iguais em 1960, no final do século XX, o rendimento per capita da África Subsariana – mesmo depois dos ajustamentos para diferenças do poder de compra – foi menos do que um quarto do que da Ásia Oriental. À excepção do Botswana e das Ilhas Maurícias, o crescimento no resto da África Subsariana tem sido episódico nas quatro décadas após 1960, resultando daí que a região ficou ainda mais atrás do resto do mundo em desenvolvimento e, no que toca a níveis de rendimento, regrediu relativamente aos valores de 1960. Em 2004, o rendimento per capita em nove países africanos estava nos níveis de 1960. No mesmo ano, os rendimentos per capita de 13 países africanos de rendimento médio eram 60% mais altos do que os níveis registados em 1960, correspondendo a um total combinado de 66% de todos os rendimentos auferidos na região. Os rendimentos per capita de Zâmbia e da Costa do Marfim quase que não progrediram relativamente aos seus níveis de 1960. A Somália e a Libéria perderam significativamente níveis dos seus rendimentos relativamente ao início dos anos 1960. A fuga de capital de África tornou a situação ainda mais calamitosa. Estimou-se que, em 1990, os cidadãos africanos detinham cerca de USD 360 000 milhões, ou 40% da sua riqueza, fora de África, comparativamente a apenas 6% na Ásia Oriental e 10% na América Latina. O continente africano é capaz de recuperar o passo do crescimento robusto de 1960 a 1973. Os países têm que criar condições certas para beneficiarem das oportunidades oferecidas pela economia global em crescimento e pela tecnologia de base informática. No meio destas condições, é fundamental que se baixem os custos indirectos, que limitam gravemente o crescimento encabeçado pelas exportações, que se invista em qualificações e se apoie a inovação para promover a produtividade e a competitividade. Entretanto, estima-se que em África, os custos com as dificuldades na execução dos contratos, infra-estrutura inadequada, crime, corrupção e regulação podem representar mais de 25% das vendas ou mais de três vezes o que as empresas tipicamente pagam em impostos. A cooperação é uma necessidade global mas falta a cooperação estratégica que é um ingrediente para a concretização das reformas e medidas desejadas. Muita da designada cooperação económica é apenas e tão só uma nova forma de exploração que se alicerça no conluio entre poderosos empresários e alguns ditadores locais. É nesta perspectiva, que a globalização, a tão endeusada globalização, assume o papel de branqueador de todos estes negócios. No passado, havia colonizados e colonizadores, hoje, há globalizados e globalizadores que se apoiam na conivência de alguns governantes locais corruptos. Deste modo, é necessário que cada país africano identifique oportunidades, constrangimentos e escolhas estratégicas para a prossecução do crescimento necessário e a redução da pobreza, porque não se quer a precariedade, a insegurança, a instabilidade, o aumento do desemprego, as discriminações, as injustiças e a redução do poder de compra.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Desafios de África

Nas últimas décadas, África acumulou um conjunto de condicionalismos estruturais ao desenvolvimento sustentável, expressos no crescimento baseado em produtos de baixo valor acrescentado e fraca produtividade, o que se tem reflectido negativamente na competitividade. O posicionamento, a competitividade e a divergência face à média mundial são pontos para os quais importa ter sensibilidade, não para que nos indiquem causas e soluções directas, mas tão simplesmente para saber onde estamos e para onde queremos ir. O fenómeno da globalização intensifica a concorrência entre as economias, a cada dia que passa colocando desafios a muitas regiões como um todo. A China e a Índia são, de facto exemplos extraordinários das oportunidades proporcionadas pela Globalização. Prevê-se que, embora se mantendo relativamente desfavorecidas em termos de rendimento per capita, já a partir de 2015 venham a ocupar o primeiro e o quarto lugar respectivamente do ranking das economias com maior peso no produto mundial, sendo que a China igualará o peso dos Estados Unidos e superará o da União Europeia. Há cerca de 25 anos atrás, a China e a Índia representavam cada uma apenas 3% do PIB mundial. Os benefícios proporcionados pela ajuda externa e pela Globalização sob a forma de Investimento Directo Estrangeiro, maior integração dos mercados e ganhos de eficiência das empresas, tem permitido a África uma transição para patamares superiores de desenvolvimento e reforço da sua competitividade. Mas, é especialmente exigido uma forte capacidade de ajustamento, i.e., a capacidade de superar os desafios associados à crescente concorrência. As economias actuais necessitam, pois, de uma capacidade de mover recursos mais rapidamente (quer trabalhadores quer capital) para utilizações alternativas, de forma a usufruir das novas oportunidades e a minimizar os custos de ajustamento. Além da necessidade de reformas estruturais (como a reforma da Administração Pública no sentido de aumentar a sua eficiência, eficácia e desburocratização, a reforma do Sistema de Justiça para que funcione de forma mais célere ou o assegurar do funcionamento eficaz do Sistema Fiscal), é tão ou mais urgente a adopção de medidas estratégicas complementares no sentido de garantir maior inovação empresarial, mais Investigação e Desenvolvimento, mais empreendedorismo, melhor clima empresarial e mais (melhor) Educação. Porque temos que reinventar a roda? Se outros já encontraram uma solução melhor para um determinado problema, porque devemos recusar aceitá-la? Se aproveitarmos a oportunidade de comparar a nossa solução com uma solução melhor, podemos até ser capazes de a aperfeiçoar. A mão-de-obra africana, situada além fronteira, tem sido reconhecida e internamente dispontam novos valores, com um bom nível de instrução. Não será altura de beneficiarmos das mudanças qualitativas, aferindo o desempenho e o impacto nos indicadores tradicionais, tal como rendibilidade, complementada com novos indicadores como lead-time e satisfação da população, neste esforço de melhorarmos a competitividade? São apenas requisitos para ajustar África aos desafios de um mundo mais global.

terça-feira, 1 de maio de 2007

1º de Maio

Dia do Trabalhador. Os trabalhadores aproveitam este dia para alertar os governantes e entidades para algumas das suas necessidades, tais como: direitos dos trabalhadores, aumento de salários e melhores condições. Em África, os direitos dos trabalhadores têm evoluído positivamente, vive-se melhor do que há 10 ou 15 anos atrás, mas continua-se a divergir da média mundial, a afastar-se a um ritmo demasiado acelerado. Temos especialmente muito bons salários para alguns e os avanços legislativos e da democracia não se traduzem muitas vezes na prática, face à constante violação sistemática da Lei, sinistralidade laboral e negociação colectiva bloqueada.

O crescimento económico generalizado e o aumento da produtividade são insuficientes para reduzir o número crescente de desempregados e de trabalhadores pobres. Não se criam automaticamente empregos suficientes e os novos empregos não garantem a redução da pobreza. As previsões apontam para uma estimativa de 11 milhões de novos empregos por ano para baixar o nível de desemprego no continente à média mundial. Estima-se também uma taxa de desemprego de 10,3 por cento, contra uma média mundial de 6,3 por cento em 2006. O número de trabalhadores pobres deverá aumentar em mais de 50 milhões de pessoas até 2015. A capacidade das economias africanas em criar empregos é muito fraca, com apenas 8,6 milhões de empregos por ano. As oportunidades de empregos para as mulheres e os jovens, na maior parte dos mercados de trabalho africano, são limitadas. Os jovens africanos são três vezes mais expostos ao desemprego do que os adultos, embora a maior parte dos africanos trabalhem no sector da economia de subsistência. O trabalho infantil continua a ser um dos grandes males do continente. Apesar da percentagem de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham ter caído dos 29% em 2000 para 26% em 2004, o número também subiu de 48 milhões a 49,3, devido ao aumento da população. Até 2015, a redução para metade da pobreza extrema terá que ter um impulso acima desta média e uma estratégia de crescimento centrada no emprego mais orientada para políticas sobre a incapacidade de África em criar mais empregos e melhor remunerados. Logo, há que unir esforços e critério de rigor ético, exigência e competência.

sábado, 28 de abril de 2007

Evolução do petróleo

A evolução do preço do petróleo, apesar do aumento da produção em África (numa altura em que a ajuda externa, vinda dos países industrializados, está a diminuir e a ser substituída, em grande parte das nações doadoras, por uma ênfase nas transacções comerciais, como meio de auxiliar os países africanos a fugirem à pobreza), é uma ameaça imediata ao crescimento económico, e os problemas potencialmente mais perturbadores decorrem dos fortes desequilíbrios internos que se verifica. O défice externo gerado indicia situações dificilmente sustentáveis a prazo e a sua correcção desencadea perturbações significativas na situação económica e financeira dos países. Se é verdade que existe um amplo consenso sobre a insustentabilidade a prazo de tais desequilíbrios, já o mesmo se não verifica a propósito das suas causas ou dos mecanismos da sua correcção. É também consensual a análise das consequências dessas diferenças entre poupança e investimento na escala actualmente verificada. As tensões mais recentes sobre a inflação em diversos países vem demonstrar que não podemos ser complacentes com base apenas no ocorrido até agora nas reacções à subida do preço do petróleo.

Em Março, o preço do petróleo manteve uma trajectória ascendente, tendo a cotação média do brent atingido cerca de 62 dólares por barril. Nos primeiros dias de Abril, o preço do crude acentuou a subida que vinha registando desde o final do mês de Março, rondando os 69 US$, ou seja, o valor mais alto dos últimos seis meses. No Mercado de Futuros, o preço médio do barril de petróleo situou-se em 69 dólares para contratos com entrega entre Maio e Dezembro de 2007. O preço médio de importação de petróleo pode evoluir, em geral, ligeiramente abaixo das cotações internacionais se essa evolução reflectir uma descida do preço das ramas descarregadas medido em dólares e um efeito cambial favorável.

Apesar da forte subida do preço do crude, transaccionado nos principais mercados, o New York Mercantile (NYMEX), o International Petroleum Exchange in London (IPE) e o Singapore International Monetary Exchange (SIMEX), com reflexos directos nos custos dos combustíveis e electricidade, o consumo em África não se alterou (tendência crescente). Este comportamento poderá vir a alterar-se se o preço se mantiver em níveis elevados ou se voltarem a recrudescer. Isto coloca delicados problemas à gestão da política monetária, que não pode permitir a generalização de efeitos de segunda ordem do preço de petróleo sobre outros custos e preços, sob pena de consentir na perda de controlo sobre as expectativas da inflação. Entre os efeitos possíveis, caminhar-se no sentido de uma maior eficiência energética, encontra-se a maior utilização dos transportes públicos ou a procura de uma rentabilização do transporte automóvel privado.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

China em África

Depois da dependência de Mao no poder coercivo e da de Deng no poder económico, a China procura um meio termo que use também o "poder da ideia", pois a tarefa de avaliação do poder chinês continua a ser algo crítica. Ao considerar-se o poder da China como coercivo não reflecte a realidade de crescimento acelerado nos campos económico e intelectual. Há cerca de 40 anos, o sociólogo Amital Etzioni definiu o conceito de poder "como o dos meios empregues para exercê-lo: coerção, incentivo material ou motivação intelectual, e que o poder pode ser constrangedor, remunerador ou normativo - ou reflectir, em termos crus, armas, dinheiro ou ideias". A estratégia complexa da China, envolve abertura ou globalização, e reforma através do mercado e da urbanização, sem acentuar, e limitando, a liberalização política, porque os interesses económicos parecem sobrepor-se a tudo o resto, como o respeito pelos direitos humanos ou pela democracia. O facto de um produto ter a etiqueta "Made in China" não significa que tenha sido feito na China. O país fica com as fases finais de montagem, que acrescentam menos valor, aproveitando a percepção da China que mudou, de ameaças para oportunidades económica. O papel do investiimento chinês no estrangeiro está em alta, coordenando com a sua capacidade, investimentos de empresas, tarifas e outras políticas comerciais, assistência ao desenvolvimento e apoio militar. Entretanto, a corrupção continua a ser um problema, tal como a segurança dos consumidores e a protecção dos direitos de propriedade intelectual. O interesse chinês em África tem sido motivado pelas necessidades crescentes de matérias-primas, nomeadamente petróleo e madeira. As trocas comerciais entre a China e os países da CPLP, excluindo Portugal, vão de vento em popa. Entre Janeiro e Outubro de 2006, Angola superou a África do Sul, tornando-se no maior parceiro comercial da China em África, com as trocas bilaterais a ascender a 7,18 mil milhões de euros, segundo o Ministério chinês do Comércio. Esta importância resulta do facto de Angola ser já, em África, o maior fornecedor de crude da China. Em Janeiro de 2005 Angola anunciou que ia contrair dois mil milhões de dólares em empréstimos, com baixas taxas de juro para reparar as suas infra-estruturas petrolíferas, uma verba que foi reforçada em Março de 2006 em mil milhões de dólares. Entretanto, embora a China seja contra as sanções impostas ao Sudão, tem neste país o seu terceiro maior parceiro comercial em África, com trocas a ascender a 2,9 mil milhões de dólares, entre Janeiro a Novembro de 2006, e no qual o Sudão foi responsável por menos de 3% das importações de petróleo chinesas. Deve-se se salientar que o petróleo sudanês é de mais fácil refinação, e a China investiu pesadamente nas infra-estruturas petrolíferas sudanesas, o que ajudou o país a tornar-se num exportador líquido de petróleo. Em todo o continente, vozes críticas se levantam, apontam o dedo a Pequim e aos líderes africanos, por inundar-se o continente com milhões de dólares, sem fortificar a luta contra a corrupção, melhoria dos direitos humanos, cumprimento da democracia e principalmente sobre a forma como a riqueza natural está a ser gerida!?

quarta-feira, 4 de abril de 2007

O colapso do Zimbabué (1)

O exército e a polícia em decadência. As greves e os cortes de electricidade multiplicam-se. Outros serviços essenciais praticamente já não são assegurados. A inflação anual no Zimbabwe atingiu 2200 por cento em Março, contra 1729 no mês precedente. Robert Mugabe continua preso num circulo vicioso. Bastaram algumas semanas para que os aumentos de salário concedidos aos funcionários públicos (300 por cento em Janeiro) tivessem sido devorados pela inflação. O regime em falência só pode conceder novos aumentos se cunhar moeda, o que provocaria ainda uma escalada maior da inflação, exigindo novos aumentos de salários. A tensão nas ruas de Harare é palpável. As pessoas estão reduzidas a vasculhar os caixotes do lixo para ganhar um pouco de dinheiro, arranjar comida e conseguir pagar os transportes. Os mais sortudos, aqueles que tem emprego, nem sequer dispõem de dinheiro para pagar um bilhete de autocarro. Uma professora do ensino básico, de 35 anos, com seis anos de antiguidade ganha 20 euros por mês. Quatro dos maiores hospitais têm estado paralisados há semanas por greves sucessivas dos internos, cujos salários atingem no máximo 9 euros líquidos por mês e como a distribuição de água deixou de ser assegurada, a capital está em estado de alerta máximo de uma possível epidemia de cólera. Mugabe tem reagido dizendo que "não tolera qualquer protesto" e que conta com o exército e a polícia para restabelecer a ordem. Ora, segundo fontes militares, apesar de serem melhor remunerados que os professores ou as enfermeiras, vivem em condições "deploráveis". Abaixo da patente de coronel, a maior parte dos soldados ganha menos de um dólar por dia, vivendo abaixo do limiar da pobreza, segundo os padrões internacionais. Infelizmente, o desabamento da economia é um maná para a elite corrupta que gravita à volta do Presidente e que já enriqueceu com as exportações dos agricultores brancos. Os notáveis do partido no poder podem comprar dólares ao banco central a uma taxa de câmbio oficial irrisória e revendê-los no mercado negro, obtendo um lucro de 2000 por cento. Também têm a gasolina a um preço 12 vezes inferior ao praticado no mercado. É uma situação muito complicada. Resta saber até quando!?
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terça-feira, 27 de março de 2007

Marca "África"

Duma cultura marcadamente material, na viragem do novo século, passamos para uma cultura de bens imateriais. Uma subjectivadade na era da mundialização em que os países do continente africano são movidos pelas estratégias de equilíbrio geográfico. O carácter apaixonante e frequente do debate da marca, é um indicador da importância que ela adquiririu e de uma nova sensibilidade da opinião pública a este respeito. Mostrar sem disfarce e, às vezes, com rispidez, qualidades, fraquezas, virtudes e inclinações menos admissíveis do valor e da conduta, advém do facto, concerteza consensual, que a percepção que se tem de África e dos países que a constituem passa, em larga medida, pela sua identidade cultural. Enfim, a marca oferece-nos um espelho para o qual olhamos, tal como somos e não como gostariamos de parecer que fossemos. Sabe-se que quando as economias entram em crise as classes médias ficam mais fragilizadas, os pobres mais pobres e os ricos ainda mais ricos. Enquanto os pobres definham, os ricos tornam-se freneticamente sedentos de simbologias de exclusividade e diferenciação social. Nada de misturas! Por sua vez, os remediados tornam-se imprevisíveis: Uns, sem solução, acabam por se colar inevitavelmente aos mais pobres e outros vão procurar igualar, artificialmente, os hábitos e os vícios dos mais abastados. A marca emerge, neste cenário, como decisiva e como tal, não deve ser descurada, enquanto espécie da nova economia:
1) Melhorar a reputação internacional de África, enquanto Continente;
2) Facilitar o aumento das exportações dos países de África nos mercados externos;
3) Contribuir para uma cultura organizacional mais orientada para o mercado global e mais centrada, na inovação e no aumento da produtividade;
4) Contribuir para uma cultura institucional mais eficaz, no Comércio, Turismo e Investimento;
5) Criar um instrumento de monitorização contínua da evolução da percepção de África e da eficácia das acções da sua promoção.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Água

Comemora-se hoje o Dia Mundial da Água. Uma data que em vez de ser de celebração, deve ser de reflexão. Dentro de pouco tempo, se nada for feito, mais de metade da população mundial vai ficar sem água potável. Praticamente todos os estudos feitos sobre esta matéria mostram cenários catastróficos. A falta de água não se deve exclusivamente à poluição ou ao consequente aquecimento global do planeta. "O problema básico é a pobreza, não a água", segundo o economista Chuck Howe, da Universidade de Colorado, pois os países em vias de desenvolvimento são os que se dedicam sobretudo à agricultura. E os sistemas de irrigação agrícola e a utlização pouco racional dos recursos hídricos são os principais responsáveis pela extracção excessiva de água do solo.
África está muito aquém dos objectivos de desenvolvimento em matéria de água e saneamento. As principais necessidades sociais como a educação estão estreitamente relacionadas com a água potável e a higiene. As doenças com origem na água consomem as energias e a capacidade de aprendizagem das crianças. Todos os dias, há imensas crianças que não vão à escola por causa de doenças como a diarreia e os parasitas intestinais. Por outro lado, a falta de instalações sanitárias decentes e diferenciadas nas escolas é um obstáculo à escolarização de muitas raparigas. Uma criança que cresce nestas condições tem muito poucas hipóteses de escapar à pobreza. As comunidades pobres vêem o seu potencial humano depauperado por doenças constantes e pela morte. O subdesenvolvimento crónico é uma consequência inevitável. Estima-se que os dias perdidos de escola ou de trabalho representem uma perda de produtividade anual de cerca de 63 mil milhões de USD. As décadas de conflitos, a má gestão da terra pobre e o impacte da seca crescente deixa a maior parte das crianças à mercê de uma grave escassez de água. Mais de 42 por cento da população não tem acesso à água potável e apenas 36 por cento têm acesso a instalações sanitárias. Investir é fundamental.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Poesia

Comemora-se hoje, mundialmente, o dia da Poesia, arte de fazer versos. Todos temos um potencial de criatividade, embora quase nunca o admitamos. Por pudor, por défice de auto-conhecimento, por desmotivação, ou simplesmente por pretensa falta de oportunidade, não conseguimos ver como pessoas criativas. Ou por também confundirmos conceitos, não distinguindo criatividade de inovação ou de originalidade. Tal confusão inibe-nos de perceber como e em quê podemos exercitar a nossa criatividade. Achamos que a criatividade é como uma marca de nicho: só para "eleitos". O consenso generalizado afirma que a criatividade é um dom de poucos e que a grande maioria dos adultos, dos analfabetos, é dele desprovida. Porque a condição humana é mesmo assim. Mais um estigma social. No entanto, a criatividade é um processo individual ou colectivo, presente em todos os domínios da actividade humana e que gera novas soluções com utilidade prática: na família, no ensino, na profissão, no lazer. A criatividade não é um privilégio de elites, profissionais ou outras. É uma competência que se pode identificar e desenvolver em qualquer pessoa, grupo ou organização. Tem ingredientes típicos, com dosagem variada consoante a situação. Uma "expertise" própria e saberes específicos. Um pensamento flexível e imaginativo. E motivação. Muita motivação. Porque a criatividade exige esforço intenso e regular. É uma "energia" que faz falta em todo e qualquer aspecto da actividade organizacional. O poema África dedicado a causa africana.



Dias Internacionais Observados pela Assembleia Geral das Nações Unidas
21 Fevereiro - Dia Internacional da Língua Materna (UNESCO)
08 Março - Dia Internacional da Mulher
21 Março - Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial
21 Março - Dia Mundial da Poesia (UNESCO)
22 Março - Dia Mundial da Água
23 Março - Dia Mundial da Meteorologia (Organização Meteorológica Mundial)
24 Março - Dia Mundial da Tuberculose (Organização Mundial de Saúde)
07 Abril - Dia Mundial da Saúde (Organização Mundial de Saúde)
11 Abril - Dia Mundial da Doença de Parkinson
23 Abril - Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor (UNESCO)
03 Maio - Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
03 Maio - Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (UNESCO)
15 Maio - Dia Internacional das Famílias
17 Maio - Dia Mundial das Telecomunicações (União Internacional das Telecomunicações)
21 Maio - Dia Mundial para o Desenvolvimento Cultural
21 Maio - Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento
22 Maio - Dia Internacional da Biodiversidade
25 Maio - Dia de África
29 Maio - Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas
31 Maio - Dia Mundial do Não-Fumador (Organização Mundial de Saúde)
04 Junho - Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão
05 Junho - Dia Mundial do Ambiente (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
17 Junho - Dia Mundial do Combate à Seca e Desertificação
20 Junho - Dia Mundial dos Refugiados
26 Junho - Dia Internacional Contra o Abuso e Tráfico de Droga
26 Junho - Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas de Tortura
11 Julho - Dia Mundial da População (UNFPA/FNUAP)
1º Sábado de Julho - Dia Internacional das Cooperativas
09 Agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas
12 Agosto - Dia Internacional da Juventude
23 Agosto - Dia Internacional da Recordação do Tráfico Negreiro e da sua Abolição (UNESCO)
08 Setembro - Dia Internacional da Alfabetização (UNESCO)
16 Setembro - Dia Internacional da Protecção da Camada de Ozono
Última Semana de Setembro - Dia Mundial do Mar (Organização Marítima Internacional)
21 Setembro - Dia Internacional da Paz
01 Outubro - Dia Internacional do Idoso
05 Outubro - Dia Internacional do Professor (UNESCO)
09 Outubro - Dia Mundial do Correio (União Postal Universal)
16 Outubro - Dia Mundial da Alimentação (FAO)
17 Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
24 Outubro - Dia das Nações Unidas
24 Outubro - Dia Mundial da Informação sobre o Desenvolvimento
1ª segunda-feira de Outubro - Dia Mundial do Habitat
2ª quarta-feira de Outubro - Dia Internacional da Prevenção das Catástrofes Naturais
06 Novembro - Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Ambiente em Guerra e Conflito Armado
10 Novembro - Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento (UNESCO)
16 Novembro - Dia Internacional da Tolerância (UNESCO)
20 Novembro - Dia da Industrialização da África
20 Novembro - Dia Universal da Criança (UNICEF)
20 Novembro - Dia da Filosofia (UNESCO)
21 Novembro - Dia Mundial da Televisão
25 Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
29 Novembro - Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano
01 Dezembro - Dia Mundial da SIDA (Organização Mundial de Saúde)
02 Dezembro - Dia Internacional para a Abolição da Escravatura
03 Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
05 Dezembro - Dia Internacional dos Voluntários para o Desenvolvimento Económico e Social
07 Dezembro - Dia Internacional da Aviação Civil (Organização Internacional da Aviação Civil)
10 Dezembro - Dia dos Direitos Humanos
11 Dezembro - Dia Internacional das Montanhas
18 Dezembro - Dia Internacional das Migrações

Anos Internacionais Proclamados pela Assembleia Geral das Nações Unidas
2003 - Ano Internacional da Água Doce
2004 - Ano Internacional do Arroz
2004 - Ano Internacional da Comemoração da Luta Contra a Escravatura e a sua Abolição
2005 - Ano Internacional do Microcrédito
2005 - Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)
2006 - Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação
2007 - Ano Internacional da Heliofísica
2008 - Ano Internacional do Planeta Terra
2008 - Ano Internacional da Batata


Décadas Internacionais Proclamadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas
2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
2003-2012 - Década das Nações Unidas para a Alfabetização
2001-2010 - Década Internacional para uma Cultura da Paz e da Não-Violência para as Crianças do Mundo
2001-2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo
2001-2010 - Década para Reduzir a Malária nos Países em Desenvolvimento, particularmente em África
1997-2006 - Primeira Década para a Erradicação da Pobreza
1995-2004 - Década da Educação para os Direitos Humanos
1994-2004 - Década Internacional dos Povos Indígenas
1993-2003 - Terceira Década do Combate ao Racismo e à Discriminação Racial

quinta-feira, 15 de março de 2007

Direitos dos consumidores

Celebra-se hoje, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor que consagra o reconhecimento internacional de que todos os cidadãos, independentemente da sua situação económica e social, têm direitos enquantos consumidores. Assenta-se que a informação sobre tarifas e preços deve ser simples, completa e transparente e de forma a promover a eficiência, bem como deve ser clara e objectiva de modo a permitir a liberdade de escolha do consumidor sobre as melhores opções de fornecimento. A informação sobre o preço e a qualidade do produto ou serviço é fundamental para que os consumidores tomem decisões e adoptem comportamentos ajustados às suas necessidades, optimizando e racionalizando o uso respectivo. Com a globalização dos mercados, os consumidores estão mais vulneráveis e independentemente da evolução que venha a registar-se no futuro em matéria da protecção dos consumidores mais vulneráveis, o direito deste grupo de consumidores a informação não discriminatória e adequada às suas condições específicas deve ser objecto de cuidados particulares. É neste contexto que se posiciona a maioria dos consumidores do continente africano. Além das declarações de circunstância, é importante perceber que o consumidor está entalado entre uma indústria de produtores e distribuidores que quer vender abundâncias e uma indústria do politicamente correcto e socialmente puritana que exige proibições. E há negócio em ambas as indústrias. O consumidor é hoje dissecado por hordas de cientistas que analisam tendências, padrões, fragilidades e moralismos em África, mas no convívio do dia-a-dia, procura e oferta de bens e serviços, por debaixo de tendas provisórias circula a sorte de consumidores, procurando inverter a marcha do tempo, de liberdades infinitas e do permanente mercado informal.

terça-feira, 13 de março de 2007

Crescimento d'África^2007

Para se ter sucesso, é preciso aprender com os outros e através deles. Aprender por exemplo, partindo da observação dos outros, é uma das formas mais básicas de aprendizagem. Desde a nossa infância, aprendemos a observar e ouvir os outros, aprendemos a andar, a falar, e a andar de bicicleta com os outros. Este processo de aprendizagem pode ajudar-nos muitas vezes a atingir objectivos difíceis e exigentes. Na economia de um país, temos também essa oportunidade de observar e aprender com os outros, com a intenção de adaptar aquilo que aprendemos às nossas próprias circunstâncias. Um ponto essencial a não esquecer é que, quando crianças, muitas vezes caímos ou não conseguimos dominar uma técnica nova logo à primeira tentativa. Na vida económica, podemos também precisar de usar da mesma perseverança para garantir o sucesso a longo prazo, ultrapassar as dificuldades e ser objectivos naquilo em que estamos envolvidos, compararando e compreendendo o que os outros estão a fazer para atingir os seus níveis de desempenho e ajudar a identificar os aspectos fundamentais que se deve considerar para melhorarmos o nosso próprio desempenho:

R - Ranking;
PC - Previsão de Crescimento PIB 2007;
C - Crescimento 2006;
CM - Crescimento médio (2001/05);
POP - População (em milhões);
PIB - PIB 2006 (milhares de dólares);
RH - Receitas por habitante 2005 (em dólares);
RC - Riqueza criada 2006 (milhares de dólares) .

Ao subirmos nesta espiral, constrói-se a capacidade de resolver problemas e enfrentar desafios cada vez mais importantes e exigentes e começa-se a atingir verdadeiramente o estatuto da classe mundial, capaz de competir ao mais alto nível.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Mulher africana

A comemoração do dia Internacional da Mulher é, por si só sintomático de que em pleno século XXI, a mulher ainda se confronta com múltiplas formas de discriminação e, devido a uma multiplicidade de factores sociológicos, psicológicos e outros. Tudo aconteceu em 1857. Operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica. Reivindicavam a redução do horário de trabalho de 16 horas por dia para 10 horas. Fechadas na fábrica, deflagrou-se um incêndio e 130 mulheres morreram queimadas. Cerca de 50 anos depois (1910), numa conferência internacional de mulheres na Dinamarca, foi instituído o dia 8 de Março como o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem àquelas mulheres. O movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma. No continente africano, o panorama da mulher continua trágico, apesar de pouco a pouco as mulheres começarem a aceder a uma independência económica confortável e a cargos de decisão e de poder. Porém, mesmo essas encontram-se, muitas vezes, em situações de dependência psicológica dos seus maridos ou companheiros, devido a estereótipos acenstrais que só serão passíveis de serem debelados com o passar de mais algumas gerações. Nas camadas mais desfavorecidas, as mulheres são duplamente sacrificadas, pois em regra para além das suas profissões tem que prover, quase sempre sós, ao governo da casa e ao cuidado dos filhos, quando não enfrentam, acrescidamente, muitas vezes em silêncio, a própria violência doméstica. Tudo isto, não obstante, ter-se vindo a fazer um esforço significativo na formação básica, erradicação de qualquer forma de violência desde a física e a psicológica, bem como a eliminação de estereótipos de género, designadamente incentivando as jovens a orientar-se para estudos não tradicionais, o que pode evitar que as mulheres sejam objecto de práticas tradicionais violentas a sua dignidade, enquanto mulher, e sejam também colocadas em profissões menos valorizadas e menos bem remuneradas. Entretanto, a verdadeira resolução desta questão não passa por despejar dinheiro em cima dos problemas, mas pela vontade de todos, sem distinção de género, de se avançar para sociedades mais justas, equilibradas, harmónicas e companheiras, tendo presente que a mulher, tem que ter consciência, de que quando chamadas a darem a sua opinião e não só, devem também fazer-se ouvir, numa altura em que surgem alertas sobre a multiplicação de casos de violação dos seus direitos a nível mundial, e há apenas 3 anos da comemoração do centenário.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Ética afirmativa

Falar em ética no continente africano, infelizmente, ainda soa a algo estranho, principalmente quando assistimos diariamente a muitos exemplos de acções e atitudes antiéticas praticadas, e que causam prejuízos a economia, particularmente ao cidadão comum, num mercado global cada vez mais exigente no que toca a transparência e a correcção de atitudes. No processo de acompanhamento da actual evolução, para não se ficar nas margens, é fundamental não ignorar a ética que pode comprometer a sobrevivência a médio e longo prazo. É necessário entender que a ética gera resultados e precisa ser disciplinada para se tornar na bíblia da conduta do dia-a-dia. A oxigenação ética, nos países africanos, é um caminho sem retorno. Deve-se colocar este ponto no topo das agendas de trabalho e deve-se consciencializar que a ética verdadeiramente praticada através de atitudes e acções diárias é um factor e uma vantagem competitiva importante para o crescimento e a imagem de um país. Os relacionamentos com a sociedade como um todo, estão cada vez mais delicados e complexos. São exemplos destes valores:
1) Integridade, honestidade e boa fé;
2) Idoneidade (estar apto para as tarefas);
3) Independência (nas funções e em relação a parceiros);
4) Responsabilidade (pelo trabalho e funções);
5) Competência (actuar de forma diligente e responsável);
6) Confidencialidade (sigilo profissional);
7) Equidade (igualdade de tratamento);
8) Lealdade (actuar com correcção e civismo).
O envolvimento de todos é fundamental. Motivar e agir sobre esta questão, passando a disciplinar a conduta, evita-se no futuro dores de cabeça que podem gerar custos significativos em termos da imagem. Custos estes, aliás, nunca verdadeiramente quantificados e demasiadas vezes desvalorizados. Não há resultados sadios sem atitude ética. O novo comportamento do mercado global irá delimitar com clareza ao longo do tempo, aqueles países que têm incorporado a aplicação de atitudes éticas no dia-a-dia, daqueles que nem sequer deram conta da sua importância. O desafio de incorporar uma ética corporativa saudável está baseado nos pilares de sustentação de uma economia. Credibilidade é o que se espera de todos, através de atitudes simples mas com forte componente ética.

quinta-feira, 1 de março de 2007

A união faz a força

Mudar o mundo. Foi há sensilvelmente 7 anos, na Cimeira do Milénio da ONU, que 189 Estado-membros da Assembleia Geral das Nações Unidas assinaram a Declaração do Milénio que visa a cooperação global respeitante às questões do desenvolvimento humano, a atingir até 2015. Oito são os objectivos traçados à escala mundial. Numa análise geral, para o continente africano, apesar de alguns avanços, restam oito anos de muito trabalho, para atingir os propósitos adoptados no ano 2000. Propósitos esses em que todos nós podemos - e devemos - cooperar. Uma tarefa árdua, mas não impossível. Há razões pelas quais vale a pena lutar. É fundamental que sejamos socialmente activos e participativos, até porque a responsabilidade social não diz respeito apenas a governos e empresas.
1. Acabar com a fome e a miséria. Como? Estimulando a agricultura familiar e comunitária de subsistência; apoiando iniciativas de distribuição e capacitação de mão-de-obra na elaboração de alimentos básicos; promovendo a merenda escolar...
2. Educação básica de qualidade para todos. Como? Apoiando programas de criação de oportunidades e estímulo no acesso ao ensino; prevenindo e erradicando o trabalho infantil; contribuindo para a melhoria dos equipamentos das escolas básicas; estimulando a permanência dos alunos nas escolas...
3. Igualdade de género e valorização da mulher. Como? Implementando programas de capacitação e melhoria na qualificação das mulheres; criando oportunidades de inserção de mão-de-obra feminina; valorizando o trabalho da mulher; eliminando as desigualdades no acesso a bens e serviços e de direitos entre homens e mulheres...
4. Reduzir a mortalidade infantil. Como? Apoiando programas de acesso a água potável às populações carentes; promovendo campanhas de consciencialização no combate à sida que visem a prevenção de crianças portadoras do virus; suportando programas de acesso a medicamentos específicos; prestando esclarecimentos sobre higiene pessoal e sanitária; aleitamento materno e nutrição infantil...
5. Melhorar a saúde materna. Como? Apadrinhando iniciativas comunitárias de atendimento às grávidas e no pós-parto; melhorando a saúde materna; facilitando o acesso a informações sobre planeamento familiar; doenças sexualmente transmissíveis, cancro da mama, gravidez de risco, nutrição...
6. Cambater a sida, a malária e outras doenças. Como? Investindo em campanhas de informação e mobilização; facilitando o aceso a medicamentos necessários, vacinas e a todos os meios de prevenção possíveis; melhorando as condições básicas de higiene e saneamento...
7. Promover a qualidade de vida e respeito pelo meio ambiente. Como? apoiando iniciativas de implementação de práticas ambientais sustentáveis e responsáveis; estimulando o colectivo para a reciclagem e reutilização de materiais promovendo a educação e sensibilização para esta temática; suportando projectos de pesquisa e de formação na área ambiental; desenvolvendo programas de tratamento de resíduos...
8. O mundo todo a trabalhar pelo desenvolvimento. Como? Estabelecendo parcerias mundiais para o desenvolvimento, reduzindo as diferenças existentes entre países pobres e ricos; pensando em formas de conquistar o acesso a mercados e tecnologias; abrindo o sistema comercial e financeiro para a livre concorrência; satisfazendo as necessidades especiais dos países menos avançados, nomeadamente com programas de redução ou cancelamento da dívida externa dos mais endividados; formulando e aplicando estratégias que proporcionem aos jovens um trabalho digno e produtivo...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Sabia que...

...somos quase 6 mil milhões de habitantes no planeta e que 1,2 mil milhões sobrevive em condições de extrema pobreza (com menos de um dólar por dia)?
...cerca de 115 milhões de crianças não vão à escola e que há 879 milhões de iletrados?
...dois terços dos analfabetos são mulheres e que ainda há países onde elas nem sequer podem votar?
...13 milhões de crianças morrem antes dos cinco anos de idade devido a causas que poderiam ser evitadas (por exemplo, diarreia)?
...500 mil mulheres morrem, por ano, durante a gravidez ou parto, a maioria em países em vias de desenvolvimento?
...por ano, a malária ainda mata 1 milhão de pessoas, a tuberculose 2 milhões e a sida 3 milhões?
...2 mil milhões de pessoas vivem sem acesso regular a fontes de energia e que mil milhões não têm água potável?

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Nova era nos PALOP

Com o fim da era da economia planificada nos PALOP, de direcção central, que eliminava os mecanismos de mercado e a propriedade privada dos meios de produção e, se não suprimia, pelo menos condicionava fortemente o comércio e o investimento internacional, que era feito numa lógica não capitalista e de relações entre Estados, surge a economia de mercado, baseada na lei da oferta e da procura, na livre iniciativa empresarial e na propriedade privada, articulada com a liberdade do comércio e de investimento no plano internacional. Em síntese (in: "Revista exame nº 274 de Fev. 2007"), sabe-se que:
Angola: crescimento forte; abundância de recursos naturais valiosos (petróleo e diamantes); inflação em queda. Défice de organização pode colocar em causa a aplicação dos recursos financeiros em projectos relevantes.
Cabo Verde: estabilidade; boa gestão do país; condições de excelência para o turismo; elevados remessas dos emigrantes. Pequena economia aberta, muito condicionada pela conjuntura externa, sendo muito vulnerável a choques.
Guiné-Bissau: Acordo com o FMI; integração na União Económica e Monetária Oeste-Africana; dinamismo sector primário. Elevada instabilidade política; 90% das exportações são de caju em bruto; quase não existe classe empresarial.
Moçambique: Apoio do FMI; estabilidade política, social e económica; crescimento forte; inflação sob controlo. Actividade comcentrada em Maputo (resto do país está muito atrasado); maioria da população é muito pobre.
São Tomé e Príncipe: Grande potencial para o turismo; tudo indica que o país dispõe de reservas significativas de petróleo. Instabilidade política; economia tem fraca capacidade de absorção das verbas provenientes do petróleo.