quinta-feira, 17 de maio de 2007

Desafios de África

Nas últimas décadas, África acumulou um conjunto de condicionalismos estruturais ao desenvolvimento sustentável, expressos no crescimento baseado em produtos de baixo valor acrescentado e fraca produtividade, o que se tem reflectido negativamente na competitividade. O posicionamento, a competitividade e a divergência face à média mundial são pontos para os quais importa ter sensibilidade, não para que nos indiquem causas e soluções directas, mas tão simplesmente para saber onde estamos e para onde queremos ir. O fenómeno da globalização intensifica a concorrência entre as economias, a cada dia que passa colocando desafios a muitas regiões como um todo. A China e a Índia são, de facto exemplos extraordinários das oportunidades proporcionadas pela Globalização. Prevê-se que, embora se mantendo relativamente desfavorecidas em termos de rendimento per capita, já a partir de 2015 venham a ocupar o primeiro e o quarto lugar respectivamente do ranking das economias com maior peso no produto mundial, sendo que a China igualará o peso dos Estados Unidos e superará o da União Europeia. Há cerca de 25 anos atrás, a China e a Índia representavam cada uma apenas 3% do PIB mundial. Os benefícios proporcionados pela ajuda externa e pela Globalização sob a forma de Investimento Directo Estrangeiro, maior integração dos mercados e ganhos de eficiência das empresas, tem permitido a África uma transição para patamares superiores de desenvolvimento e reforço da sua competitividade. Mas, é especialmente exigido uma forte capacidade de ajustamento, i.e., a capacidade de superar os desafios associados à crescente concorrência. As economias actuais necessitam, pois, de uma capacidade de mover recursos mais rapidamente (quer trabalhadores quer capital) para utilizações alternativas, de forma a usufruir das novas oportunidades e a minimizar os custos de ajustamento. Além da necessidade de reformas estruturais (como a reforma da Administração Pública no sentido de aumentar a sua eficiência, eficácia e desburocratização, a reforma do Sistema de Justiça para que funcione de forma mais célere ou o assegurar do funcionamento eficaz do Sistema Fiscal), é tão ou mais urgente a adopção de medidas estratégicas complementares no sentido de garantir maior inovação empresarial, mais Investigação e Desenvolvimento, mais empreendedorismo, melhor clima empresarial e mais (melhor) Educação. Porque temos que reinventar a roda? Se outros já encontraram uma solução melhor para um determinado problema, porque devemos recusar aceitá-la? Se aproveitarmos a oportunidade de comparar a nossa solução com uma solução melhor, podemos até ser capazes de a aperfeiçoar. A mão-de-obra africana, situada além fronteira, tem sido reconhecida e internamente dispontam novos valores, com um bom nível de instrução. Não será altura de beneficiarmos das mudanças qualitativas, aferindo o desempenho e o impacto nos indicadores tradicionais, tal como rendibilidade, complementada com novos indicadores como lead-time e satisfação da população, neste esforço de melhorarmos a competitividade? São apenas requisitos para ajustar África aos desafios de um mundo mais global.

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