quarta-feira, 4 de novembro de 2009

1 ano de Barack Obama

Hoje, regresso ao blog depois de uma ausência por motivos profissionais. Barack Obama completa hoje 1 ano desde que foi eleito. Neste ano, ganhou o prémio nobel da paz, por ter demonstrado vontade de se aproximar de todos os países e de todas as comunidades. A crise na américa continua a levar a falência muitas instituições mas parece que o pesadelo de arrastamento mundial já está controlado pelo que a Ãfrica tem apenas de se operacionalizar económica e financeiramente de modo a satisfazer as necessidades das populações locais.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Barak Obama, presidente dos EUA

Ontem fez-se historia. Barak Obama, afro-americano, ascendeu a presidencia dos Estados Unidos da America. Nao e' para qualquer um, apenas para aqueles que podem superar-se a si proprios e a sua determinacao. No discurso, pediu aos americanos para que fossem responsaveis, isto porque vai decorrer o tal processo politico e penoso de integracao de toda a sociedade, para que haja um equilibrio social. Se tal nao acontecer havera concerteza um desequilibrio maior na area economica e financeira que podera nao so afectar a america como todos os paises do mundo e em especial africa que olha com outros olhos esta presidencia.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Revolução verde africana

Para que haja a tão falada revolução verde é necessário luz verde para o aumento da produtividade agrícola, estimulando-se o investimento em áreas rurais de modo a criar-se emprego e receitas agrícolas, no respeito pelo ambiente, pela biodiversidade e pela equidade social.
A agricultura africana continua a ser negligenciada. Os rendimentos com os cerais não ultrapassam um quarto da média mundial, continuando-se cada vez mais dependente da importação de alimentos e da ajuda alimentar externa.
Com os custos sociais cada vez mais altos, a fome silenciosa africana de décadas vê-se confrontada com a crise alimentar mundial, preços a duplicar em dois anos.
Para que se acabe com a fome e a pobreza africana tem que se aumentar o acesso a sementes e fertilizantes, a financiamentos, a educação, a infra-estruturas de processamentos de alimentos e na irrigação agrícola. Estes são apenas alguns dos mecanismos básicos de desenvolvimento sustentável para uma sociedade mais respeitadora do conceito de equidade e de competitividade na relação com o mundo, e em particular com o retorno económico e social.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Por África_2008

2008 é o “ano internacional da batata”, para uma cultura de sustentabilidade, reforçada com um conceito de futuro, exigível no desenvolvimento harmonioso homem vs natureza, mas que se vê confrontado com a crise mundial, de indicadores desfavoráveis na vertente económica, social e ambiental.
Uma crise de perdas ainda não estimadas por não ter um fim a vista ora devido a insistente especulação do valor do crude que bate máximos sucessivos e ora a aumentos desmedidos dos preços dos cereais resultante do aumento do consumo na China e Índia vs redução da produção por alterações climatéricas.
O equilíbrio é o novo e único desafio africano por não ter sabido aproveitar de forma útil as ajudas externas e disponibilidade de muitos jovens formados, a nível superior, para uma nova África, gerando assimetrias sociais extremas, e que por tal deve-se interpelar a sociedade, mobilizando-a activamente para a reflexão e construção do verdadeiro modelo africano de desenvolvimento.
Com esta crise, espera-se uma adopção de estratégias, políticas e processos organizativos que implementem transversalmente uma nova cultura aproveitando conselhos muitas vezes dados aos dirigentes para uma sã evolução de África que deve procurar-se ter uma postura e saber intelectual de modo a convencerem-se de que o poder de dirigir conquista-se natural e espontâneamente e não se combate para ter, poque as coisas só surgem e têm consistência quando de facto são ganhas através dos resultados e das prestações que se faz. O que conta, nisto tudo, é a nossa credibilidade e essa não se consegue nem com favores políticos e sociais. As coisas fluem naturalmente como consequência lógica da seriedade com que se trabalha, tanto em relação aos outros, como sobretudo em relação a nós próprios porque não podemos ser sérios para os outros se não formos sérios connosco.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Liberdade de informação em África

A liberdade de informação é um direito fundamental essencial, referido em 1946 pela Assembleia Geral das Nações Unidas como a pedra de toque de todas as liberdades a que as Nações Unidas se consagram. Sendo um elemento imprescindível para a fruição da liberdade de expressão é também essencial para garantir a transparência e fiscalização dos poderes públicos e a salvaguarda dos direitos fundamentais, principalmente em África que reclama ser cada vez mais democrática. Mas em que se traduz na prática? No dia a dia, cada vez mais, somos confrontados com as seguintes questões. Qual a natureza, estrutura e alcance reais do direito a saber, e a que realidades e a que sujeitos se aplica? De que modo têm os Estados africanos dado seguimento aos princípios de enquadramento? Qual o papel dos media e das novas tecnologias no fomento da liberdade de circulação de informação, os princípios a que as disposições sobre liberdade de informação se devem conformar e as opções políticas de base que sustentam um direito à verdade em confronto com diferentes modelos de sociedade e violações passadas dos direitos do homem? Para o Presidente nigeriano, Umaru Yar'Adua, que lamenta o facto da maioria dos países africanos estarem confrontados com desafios alarmantes de inexistência de infra-estruturas e de debilidade das instituições e estruturas de governação, as tais disfunções resultam duma má governação económica e política, da corrupção, da etnicidade, da política egoísta de intolerância e da falta de compromisso com os ideais nacionais. Da tendência de imputar esta situação aos nossos antecedentes coloniais e à partilha (territorial) desestruturada que deu lugar ao surgimento de Estados pobres e frágeis, não podemos negar o facto de que vários flagelos de África foram causados e perpetuados pelos próprios Africanos.

segunda-feira, 10 de março de 2008

ECO - Moeda comum de 5 países

Uma moeda comum para Nigéria, Gana, Serra Leoa, Gâmbia e Guiné Conakry entrará em vigor em finais de 2009, segundo o anuncio em Accra do director de Operações do Instituto Monetário da África Ocidental (IMAO), Odiaka Chris Okolie. A moeda, denominada ECO e cujo lançamento foi adiado por duas vezes, entra no quadro do projecto de criação duma unidade monetária única comum aos 15 países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Esta nova moeda facilitará o pagamento transfronteiriço das transferências de fundos e permitirá aplicar o sistema de pagamento único. Actualmente, apenas a Nigéria e a Gâmbia cumprem com os 4 critérios de convergência para a introdução da ECO. Estes critérios abrangem, entre outros, o défice orçamental e a inflação dos preços do consumo. De acordo com as regras que regem a circulação da ECO, a moeda poderá ser posta em circulação se dois dos cinco países membros forem capazes de cumprir com todos os critérios até 2009. Em relação aos critérios qualitativos, foram registados avanços no domínio da harmonização política das normas de cheques, das leis sobre os sistemas de pagamento, das integrações do sector financeiro e da convertibilidade da moeda e instituiu-se um sistema electrónico de tratamento automático de cheques a fim de facilitar a transferência de cheques dum banco para outro através do sistema de compensação dos diferentes bancos. Com este sistema ajuda-se a eliminar o tratamento manual de cheques e a promover um sistema de pagamento regional fiável para reforçar a integração económica da África Ocidental. O Conselho de Convergência aprovou já uma lei para um sistema de pagamento único que vai facilitar a resolução de diferendos, aumentando assim a confiança dos operadores do sistema. Um estudo sobre a harmonização das bolsas do Gana e da Nigéria para promover o comércio transfronteiriço e a cotação dos títulos já foi levado a cabo com objectivo final de que o mercado de capitais regional integrado venha a reforçar os investimentos e a produção.

domingo, 2 de março de 2008

Organizações Regionais na África Subsahariana

O continente africano engloba presentemente no seu seio 54 países independentes. Destes países, 47 encontram-se reunidos em organizações regionais, que de uma maneira geral visam promover a integração económica dos países envolvidos. De entre elas, destacam-se a ECOWAS - Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (1975), a UEMOA - União Económica e Monetária para a África Ocidental (1994), a CEMAC – Comunidade Económica e Monetária da África Ocidental (1994), a COMESA – Mercado Comum da África Oriental e Austral (1994) e a SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (1982), sucessora da SADCC, criada em 1980 para minimizar a dependência económica em relação à África do Sul no tempo do apartheid. Algumas destas organizações interpenetram-se. Por exemplo os Países dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, pertencem a três destas cinco organizações: Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (ECOWAS), Guiné-Bissau (ECOWAS e UEMOA), Angola (SADC) e Moçambique (SADC).

sábado, 23 de fevereiro de 2008

África

A designação “África” deriva de Avringa, ou Afri, nome da tribo berbere que na antiguidade habitava o norte do continente. O nome passou a ser usado pelos romanos, após a conquista de Cartago, para designar as províncias que ocupavam o que é hoje a Argélia e a Tunísia. No Séc. XVI o nome generalizou-se a todo o continente. Com uma superfície de 30,3 milhões de Km2, englobando 615 mil Km2 de ilhas, a África é o terceiro maior continente, depois da Ásia e da América, ocupando 20% da superfície terrestre. O seu maior comprimento, no sentido Norte-Sul, entre o Cabo Branco (Mauritânia) e o Cabo das Agulhas (África do Sul) é de 8000 Km, e a maior largura, de ocidente para oriente, entre Cabo Verde e o Cabo Hafun (Somália) é de 7600 Km. A maior parte do território estende-se do Trópico de Câncer ao Trópico de Capricórnio, na Zona Tórrida. A altitude média é de 750 metros, sendo a maior altitude no Kilimanjaro, na Tanzânia (cerca de 5900 metros). Os rios são em geral curtos. Os mais extensos são o Nilo, o maior do mundo (6671 Km), o Congo (4320 Km), o Níger (4360 Km), o Zambeze (2660 Km), o Orange (1860 Km), o Cubango (1660 Km) e o Limpopo (1600 Km). Encontra-se em África o segundo maior lago do mundo, o Lago Vitória, com os seus 69500 Km2. Com uma população de cerca de 800 milhões de habitantes, 12% da população mundial, mais de 500 milhões dos quais na África Subsahariana, a densidade populacional média de África é de 26 hab/Km2. Cerca de 40% da população professa a religião muçulmana, 15,5% a católica, 16,5% outras religiões cristãs e 25% religiões tradicionais. Grande parte da população dedica-se à agricultura, principalmente de subsistência. Contudo, a África é o único continente em que a produção agrícola por habitante baixou nos últimos 25 anos. O subsolo é rico, figurando a África entre os maiores produtores de diamantes, crómio, cobre, ouro, manganésio, cobalto, ferro e bauxite. Dispõe ainda de importantes reservas de petróleo, de gás natural, de carvão e de urânio. A variedade étnica, em particular na África Subsahariana é grande, sendo ali conhecidas mais de 1500 línguas e dialetos. Para a diversidade cultural contribuiu a manutenção, até tempos muito recentes, de estruturas de organização social tribal.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O fosso da produtividade do trabalho

O fosso entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento tem aumentado. Entre 1997 e 2007, a produtividade do trabalho aumentou em todas as regiões, excepto na do Médio Oriente. Na Ásia Oriental observou-se o máximo incremento. Foi importante na Europa Central e Sub-Oriental (extra EU) e CEI, regiões que alcançaram o nível das regiões da América Latina e Caraíbas. Não é fácil captar todas as dimensões do conceito de se ter conjuntamente o pleno emprego, produtivo e decente para todos (incluindo os jovens e mulheres), através de um conjunto de critérios. Na África Subsahariana a notória incapacidade de se reduzir o número de trabalhadores pobres, como resultado do lento crescimento da produtividade e do comportamento vulnerável do emprego, combinado com o número crescente de desempregados, acentua o fosso face às demais regiões. A produtividade do trabalho no Norte de África tem conhecido efeitos positivos consideráveis e uma melhoria na vida da população. A mulher, com a inversão na estrutura da educação, tem conseguido entrar no mercado de trabalho, ultrapassando a conhecida situação de não trabalhar ou de trabalhar como familiar não remunerado, convertendo-se numa trabalhadora que recebe um salário mas ainda inferior que a do homem, em cerca de 40%.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

26.000% de Inflação Zimbabweana

Tomou-se conhecimento que a inflação zimbabweana disparou para 26.470,8%, novo recorde neste país da África Austral, o que pode afectar as próximas eleições gerais marcadas para 29 de Março de 2008, num país a braços com uma desastrosa crise económica que os críticos atribuem as políticas do governo. Esta inflação acumulada até Novembro de 2007 atingiu este valor contra os 7.982,1% de Setembro (não foram publicadas as estatísticas da inflação do mês de Outubro). Este salto de inflação forçou o Banco Central a aumentar as taxas de juro de 975 para 1.200%, como forma de desencorajar os empréstimos dos especuladores e expansão inflaccionária de crédito. É estimado que a economia contraíu 6% em 2007, espelhada pelo declínio da produção em todos os sectores da economia, a excepção de um aumento marginal na produção agrícola. Nos últimos 8 anos os zimbabweanos enfrentam uma escassez crónica de comida, combustível, divisas e mais recentemente electricidade, uma crise que segundo os críticos de Mugabe tem a sua génese no controverso programa de reforma agrária. Enquanto isso, Mugabe atribui a crise as sanções ilegais impostas pelo Ocidente como retaliação do programa de reforma agrária, que tinha como objectivo a redistribuição de uma minoria branca por uma maioria negra sem terra.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

1º aniversário do blog causa-africana

O mês de Janeiro de 2008, passei-o a reflectir sobre o blog. Foram vários os incentivos, de continuar na mesma linha-trajectória, recebidos ao longo deste primeiro ano de actividade que me obrigam praticamente a assumir-me, na identidade e plenitude do espaço criado. Para todos vós, um bem haja!

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

2008 por uma melhor causa-africana

Ano novo! Passada a euforia da segunda cimeira Europa-África (Dezembro de 2007) em Lisboa onde estiveram presentes 53 responsáveis africanos, dos quais 22 (42%) tinham estado na primeira cimeira (Abril de 2000) no Cairo, há pontos que, sendo comuns, devem merecer atenção por cada país e cidadão africano: 1) Existência de uma estratégia, inerente a objectivos assente em valores; 2) Subcontratação de tudo o que fôr possível no país, obtendo os inputs disponíveis nas melhores condições em termos de quantidade, ritmo e qualidade e, por norma, a custos mais interessantes; 3) Manutenção de uma vida saudável, mantendo um espaço para a família, para a informação credível e para a cultura; 4) Resistência a tentação de considerar igual o que é diferente, estando aberto a novidade e a comunicação, sabendo ouvir todos, com independência; 5) O sucesso só vem com o trabalho, dedicação, espírito crítico e uma permanente curiosidade e abertura a inovação, aprendendo a pensar, a cultivar o inconformismo e a vontade de gerir riscos; 6) Permitir-se viver cada momento atentamente, mas sem a obsessão de controlá-lo desesperadamente, sabendo arrumar e perspectivar os assuntos, encontrando prioridades; 7) Manter, em permanente actualização, uma rede de contactos e conhecimentos, acompanhando a competitividade do mercado e identificando novas oportunidades e novas soluções; 8) Ser transparente e esclarecedor, definindo objectivos, premiando o sucesso alcançado. Em suma, o carácter, a atitude e o comportamento de cada um é decisivo, no relacionamento e liderança, angariando respeito por parte de todos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

II cimeira Europa-África

A segunda cimeira Europa-África (8 e 9 de Dezembro de 2007) aprovou a “Declaração de Lisboa” e o “Plano de Acção“, sob os efeitos dos APE que são acordos temporários que se destinam a substituir o actual Regime de Comércio Preferencial mas que a OMC considera contrário às regras internacionais de comércio. Um total de 13 países africanos assinaram os documentos. O Senegal, Nigéria e África do Sul continuam a resistir à sua aprovação, por considerarem que a imediata liberalização das trocas comerciais vai prejudicar a frágil agricultura e indústria africana. Na "Declaração de Lisboa", 53 países africanos e 27 europeus afirmam-se decididos em construir uma nova parceria política e estratégica para o futuro dos dois continentes, uma parceria de iguais, baseada no empenhamento efectivo das duas sociedades, tendo bem presentes os ensinamentos e as experiências do passado, mas também a certeza de que o futuro comum exige uma abordagem audaciosa que permita enfrentar com confiança as exigências dum mundo cada vez mais globalizado. A cimeira será recordada como um momento de maturidade e da transformação operada no diálogo de continentes, inaugurando novas vias de oportunidades para agir colectivamente em prol do futuro comum. Nesta Cimeira UE-África, fechada a comunicação social, foram adoptados uma Estratégia Conjunta, um Plano de Acção e um mecanismo de monitorização da sua implementação, compreendendo quatro grandes áreas de prioridades políticas: Paz e Segurança, Governação e Direitos Humanos, Comércio e Integração Regional e Desenvolvimento.
No que toca ao Comércio e Integração Regional, os principais objectivos são:
• Desenvolvimento do sector privado, apoiado em investimento estrangeiro, para reforçar a oferta nas economias africanas.
• Desenvolvimento e reforço da rede de infra-estruturas físicas necessárias ao movimento de pessoas, bens e informação.
• Integração económica e comercial, vital para aumentar as trocas comerciais sul-sul e norte-sul.
A Estratégia Conjunta será implementada através de sucessivos Planos de Acção que identificam os principais objectivos políticos a curto prazo (3 anos). O primeiro Plano de Acção está estruturado em oito Parcerias (Paz e Segurança, Boa Governação e Direitos Humanos, Comércio e Integração Regional, Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, Energia, Alterações Climáticas, Migração, Mobilidade e Emprego e Ciência, Sociedade de Informação e Espaço), cada uma das quais é constituída por um conjunto de objectivos.
Em relação à Parceria sobre Comércio e Integração Regional, os objectivos a prosseguir visam:
• Apoiar a agenda de integração africana.
• Reforçar as capacidades africanas na área de regras, standards e controlo de qualidade.
• Implementar a parceria no domínio das infra-estruturas.
Em termos do Mecanismo de Implementação da Parceria Estratégica UEÁfrica, prevê-se, entre outros aspectos, a elaboração de um relatório anual sobre os progressos na implementação do Plano de Acção. Ficou também decidido que a terceira Cimeira UE-África terá lugar em África, em 2010.

sábado, 24 de novembro de 2007

Valia do empreendedorismo

O empreendedorismo, captação de uma ideia para a vida, anda em voga por todo o mundo mas em África, parece haver alguma confusão, parece não se perceber, não se entender, qual o seu verdadeiro significado. Todos sabem que o conceito de empreendedorismo existe há já bastante tempo e tem sido utilizado com diferentes significados, apesar da sua popularidade ter renascido nos últimos tempos, como se de uma nova descoberta fosse. Evolução de um conceito ou um conceito em evolução? A palavra empreendedorismo deriva do francês "entre" e "pendre" que significa qualquer coisa como "estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor". Tomar decisões é a chave do empreendedor sobre obter e usar recursos assumindo o risco empresarial, de modo a transformar recursos em produtos e serviços úteis, criando a partida oportunidades para levar ao crescimento, sem olhar para quem controla os recursos, sustentando-se sempre em fontes de inovação, aplicadas a princípios da inovação de sucesso. O empreendedorismo que vai muito além da criação de negócio, para que África ressurja das cinzas de um passado marcado por factores negativos, deve assentar em certos tipos de valores para catapultar a mentalidade, "fontes de destruição criadora", através de um empreendedorismo por necessidade, ético, de capital, electrónico, familiar, comunitário, municipal, estatal, local, de idosos, mulheres e jovens. Com estes valores, obtém-se aquilo que todos anseiam, a valia global do empreendedorismo africano

sábado, 17 de novembro de 2007

Panorama económico de África

O último relatório do Banco Mundial: 'Indicadores de Desenvolvimento em África' para 2007 (analise aqui,), mostra que é necessário um investimento contínuo para sustentar um desenvolvimento no continente a longo-prazo. Caso contrário, poderá aumentar o fosso entre as nações ricas e as nações com uma economia parada. Segundo John Page, representante económico em África do Banco Mundial, 'pela primeira vez em cerca de 30 anos, vê-se um grande número de países africanos que começaram a mostrar um crescimento económico sustentado, com taxas semelhantes à de outros países em desenvolvimento de todo o mundo, excedendo a taxa de crescimento de países mais desenvolvidos'. A chave de tal evolução, é que "África aprendeu a negociar mais eficazmente com o resto do mundo, a confiar mais no sector privado e a evitar os sérios colapsos no crescimento económico que caracterizaram os anos 70, 80 e inícios dos anos 90.' Para as grandes mudanças em África, destacam-se três grupos distintos: os países exportadores de petróleo; os países em expansão, com diversidade económica; e os países que têm poucos recursos naturais, que são propícios a conflitos e que têm um pequeno ou mesmo inexistente crescimento. As desigualdades entre as taxas de crescimento destes grupos aumentam o risco de divisão do continente entre países que se tornam ricos e irradicam a pobreza e, países que continuam estagnados. Por exemplo, 60.5% do total do investimento estrangeiro líquido na África sub-saariana em 2005 foi para os países exportadores de petróleo. África do Sul e Nigéria possuem mais de metade do produto interno bruto da região. Infraestruturas fracas e os elevados custos de exportação de África, comparados com outras regiões do mundo, têm atrasado a evolução no continente, mais do que falhas existentes de empresas ou trabalhadores africanos. A volatilidade na África sub-Saariana tem dificultado o investimento. A corrupção é também um factor que limita investimentos importantes nas áreas da educação e saúde, 'o melhor exemplo disso reside nas economias ricas em recursos, onde estes são entregues a um número reduzido de corporações e governos'.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ricos e pobres em África

A globalização expansionista, adormece as pessoas (veja China) que aceitam uma visão da sociedade de produção e consumo sempre em expansão, uma sociedade em que o poder está nas mãos de uma pequena e forte elite económica facilitadora duma gestão eficiente do processo de produção/consumo derivadoras de todas as coisas boas da vida, mas em que a maioria das pessoas têm pouco poder de participação: direitos humanos atropelados, dignidade humana desrespeitada, desenvolvimento humano entravado e ambiente indiscriminadamente explorado. Este tipo de modelo económico-social, em expansão em África, não apresenta igualdade de oportunidades e muito menos valoriza o cidadão africano. No futuro para que o fosso entre ricos e pobres, que aumenta substancialmente, venha a diminuir de uma forma sustentável, justa e virtuosa é necessário actuar-se de forma eficiente, gerando externalidades empreendedoras em sete vectores chaves: governação (transparência e eficácia), educação (ensino, grau e qualidade de qualificação), formação ao longo da vida (novas oportunidades), serviços públicos (abragência, incidência, gratuidade e qualidade dos serviços), rede de protecção social (saúde, higiene, segurança, trabalho e acesso aos serviços públicos fundamentais pelos mais desfavorecidos), concorrência (mercado aberto, flexível e de verdadeira concorrência) e impostos (sistema de cobrança fiscal claro, simples e progressivo).

sábado, 3 de novembro de 2007

Ranking de competitividade global 2007-2008

Segundo o Fórum Económico Mundial (FEM), em termos de competitividade global, nos 10 últimos lugares estão 7 países do continente africano (veja aqui), Zâmbia no 122 ° lugar, Etiópia (123), Lesoto (124), Mauritânia (125), Moçambique (128), Zimbabué (129), Burundi (130) e Chade (131). Este relatório global de competitividade apresenta vários indicadores sobre o nível de desenvolvimento dos países. O indicador global de competitividade está organizado em 12 pilares (contra nove na edição anterior), dividos em 3 grupos: requisitos básicos (instituições, infra-estruturas, estabilidade macroeconómica, saúde e educação), impulsionadores de eficiência (mercados financeiro e laboral, formação, utilização das tecnologias, entre outras variáveis) e os factores de inovação e sofisticação (tamanho do mercado, sofisticação do negócio e inovação). Nos 10 primeiros lugares, liderança dos EUA, estão 6 países da UE (Dinamarca, Suécia, Alemanha, Finlândia, Reino Unido e Holanda).

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Fundos para o empreendedorismo

Um grande exemplo para ser seguido. A Ebay, a maior companhia online de leilões do mundo, criou um website (clique aqui) que permite às pessoas investir em empréstimos que ajudam pessoas a sair da pobreza, tendo em conta que negócios, não são caridade. O website, chamado MicroPlace, actua como um corretor entre os investidores comuns e as organizações de micro-finanças. Por tão pouco, como 100 dólares, os investidores norte-americanos poderão ajudar os empresários nos países pobres, sejam eles vendedores de café no Cambodja, ou cabeleireiros no Gana (leia aqui).

domingo, 28 de outubro de 2007

MIPEX 2006

Migrant Integration Policy Index (MIPEX) é um relatório revelador das boas intenções existentes entre as melhores práticas e as políticas reais na Europa, ao fornecer-nos dados claros, concisos e comparativos. Ao ser a ferramenta que aufere esse poder de referência à política de integração, todos devem estar expectantes face aos resultados de 2006 e ao lançamento de um debate sobre as políticas de integração na Europa, onde os mitos são desafiados pelos factos e as baixas expectativas pelo elevado padrão das melhores práticas, nas 6 áreas de políticas que delineiam o percurso de um migrante até à cidadania plena: acesso ao mercado de trabalho, reagrupamento familiar, residência de longa duração, participação política, aquisição de nacionalidade e antidiscriminação (Analise aqui , leia mais aqui e veja o site aqui).

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2008

A agricultura é a chave para o desenvolvimento, tendo em conta que os mundos da agricultura são vastos, diversificados e em muito rápida transformação, com políticas e investimentos de apoio adaptados ao nível local, nacional e global. África, para caminhar para o desenvolvimento sustentável, tem que reconhecer por um lado a pobreza de séculos de história de colonização e por outro os anos de inércia produtiva marxista, adaptando-se deste modo aos novos modos de pensar, encontrando na agricultura do século XXI, que oferece novas oportunidades para centenas de milhões de pessoas de muito baixo rendimento das áreas rurais, a saída da pobreza, suportada na agricultura de pequena escala, criação de animais, emprego na “nova agricultura” de produtos de alto valor, empreendedorismo e empregos na economia rural não-agrícola emergente (Analise aqui).

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Previsões económicas globais de Outono do FMI

Nas previsões económicas globais de Outono, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma aceleração das economias africanas de 6,1% este ano para 6,8%, com os países do Corno de África e da região Austral, incluindo Angola, a liderarem o crescimento. As economias dos países do Corno de África, em que se incluem Etiópia e Sudão, vão crescer em média 10,9% este ano, e 10,2% no próximo. Na África Austral, o crescimento vai acelerar de 9,2% para 11% no próximo ano, com Angola a liderar, registando uma subida do PIB na ordem dos 23,1% em 2007 e 27,2% no ano seguinte. As outras três sub-regiões consideradas pelo FMI - Grandes Lagos, Centro e Oeste e a Zona Franco CFA - também vão acelerar deste ano para o próximo. «A aceleração do crescimento reflecte em larga medida a entrada em produção de novas instalações em países exportadores de petróleo, como Angola e Nigéria, mas prevê-se que muitos outros países na região continuem com ritmos de crescimento relativamente elevados, mantendo a inflação moderada». Contra a tendência média dos países do continente abaixo do Saara, a África do Sul, abrandará para 4,7% este ano e 4,2% em 2008. O FMI alerta, contudo, para os riscos existentes num abrandamento da economia global, que «reduziria a procura para as exportações africanas de matérias-primas» e também nos «desenvolvimentos políticos internos» nalguns países. Para o FMI, a região «está a desfrutar do melhor período de crescimento sustentado desde a independência», com os países produtores de petróleo a liderarem. Para Cabo Verde, é previsto um crescimento de 6,9% este ano e 7,5% no próximo. A economia da Guiné-Bissau deverá crescer 2,5% em 2007, abrandando para 2,1% no próximo ano. Também nos níveis de pobreza, adianta, se registam progressos, graças a «uma combinação potente de ambiente externo favorável, implementação acertada de políticas e a crescente abertura das economias da região, alcançada não apenas pelos exportadores de matérias-primas, mas também por países costeiros e mesmo sem acesso ao mar». Quanto a Moçambique, o crescimento deverá abrandar dos 8,5% do ano passado para 7% em 2007 e 2008. São Tomé e Príncipe também está em abrandamento, dos 7% de 2006 para 6% nos dois anos seguintes. As projecções do FMI para a África sub-saariana apontam ainda para uma abrandamento da inflação, de 7,6% este ano para 6,7% no próximo, e um desagravamento do défice corrente, de 3% para 1,6%, no mesmo período. Para Angola prevê-se uma inflação de 9% este ano, e de 7,3% no próximo, e um excedente de 7,6% e 10,7%, em 2007 e 2008. Na região, afirma o FMI, o investimento estrangeiro «tem sido particularmente forte para os países ricos em recursos naturais, mas também noutras zonas, por exemplo para financiar projectos turísticos». O fundo alerta que as economias petrolíferas «devem ser cuidadosas gastando as imensas receitas de uma maneira prudente, sem sobrecarregar a capacidade de absorção doméstica e realizando poupanças para as gerações futuras». «Para tirarem completo partido da globalização, os países da região têm de continuar a construir instituições que ajudem a manter uma melhor gestão macroeconómica, levar acabo reformas na governação e outros âmbitos para fortalecer o combate à pobreza e desenvolver a envolvente de infra-estruturas e negócios» (Analise aqui).

domingo, 14 de outubro de 2007

Bilhões perdidos em África

Os 15 anos e os 23 conflitos entre 1990 e 2005 fizeram com que as economias africanas minguassem a uma média de 15% ao ano (um custo de quase 18 bilhões de dólares por ano), tirando-lhes deste modo cerca de 300 bilhões de dólares norte americanos, praticamente o mesmo dinheiro da ajuda internacional destinada ao continente neste período, segundo um estudo da ONG Oxfam International (Analise aqui). O valor gasto com as guerras poderia ter sido usado para tentar resolver a crise da sida, prevenir a tuberculose e a malária, fornecer água potável, saneamento e educação. Este desvio de fundos com impacto muito negativo nos países em conflito, também afectou os países vizinhos em termos económicos (insegurança política e fluxo repentino de refugiados), num continente onde a mortalidade infantil é de 50%, uma esperança média de vida é cinco anos mais baixa do que os países que estão em situação de paz e 15% da população sofre de desnutrição.

sábado, 13 de outubro de 2007

Casa "tipo sanita"

Empreendedorismo especial para África. Casa “tipo sanita” de 419 m2 (veja aqui) "um exemplo de conservar a humanidade das doenças e de proteger o ambiente", foi erguida na cidade nativa de Suweon, 40 quilômetros a sul de Seoul. Por uma noite, o aluguer é de 50.000 dólares. Os rendimentos conseguidos serão aplicados em países pobres promovendo condições sanitárias apropriadas, numa campanha que focaliza um ajustar dos padrões internacionais para toaletes públicos limpos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Facilidade de negociar em África

Segundo o Banco Mundial, fazer negócios em África, passou a ser mais fácil relativamente ao ano anterior, conclusão esta, dum estudo de 178 países, intitulado "Fazer Negócios", cujas acções reformistas permitiram diminuir a burocracia, melhorar o acesso a linhas de crédito e a renovação das leis que governam o comércio. (Analise aqui)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os melhores países de África

Segundo a Fundação Mo Ibrahim, os melhores países de África, entre 48 dos 52 países (não contempla os países ao Norte do Sara) em termos de Segurança, Transparência e Corrupção, Direitos Humanos, Desenvolvimento económico sustentável, e Desenvolvimento Humano, são as Maurícias, Seychelles, Bostswana, Cabo Verde (melhorou face ao ano passado) África do Sul, Gabão, Namíbia, Gana, Senegal e São Tomé e Príncipe. (Analise aqui)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Túnel Europa - África

Enquanto se discute a presença de Mugabe em Lisboa, tendo a UE em vigor sanções contra o regime de Mugabe desde Fevereiro de 2002 (proibição de vistos, congelamento de activos e embargo ao fornecimento de armas, principalmente dirigidas contra os responsáveis governamentais e altos funcionários do país), planos dos governos de Espanha e de Marrocos de ligarem os continentes, Europeu e Africano, tem estado nos últimos tempos a ganhar dimensão, conscientes dos riscos mas esperando que com a ligação ferroviária se dê um passo enorme, resultante dos avanços da ciência e das novas técnicas de controlo do custo inicial da obra orçada em 10 mil milhões de euros.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Processo de globalização

O processo em curso, controlado e determinado pelos grandes investidores estrangeiros, agrava as desigualdades entre continentes, entre países, entre regiões, entre pessoas. O Mercado e sobretudo o Dinheiro, são soberanos das decisões e árbitro dos conflitos, moldando a sociedade, imperando a lei do mais forte, onde não se olha aos danos colaterais provocados pela colonização e guerra económica em curso. O Mercado cego, não vê, ou ignora, todos os efeitos negativos que provoca. Os economistas convencionais, chamam a este fenómeno de externalidades, para não os incluir nos custos e justificar preços artificiais. Estes efeitos são visíveis, por um lado, no meio ambiente, não se dá vazão aos eflúvios da produção e do consumo, reduzindo a biodiversidade e esgotando as matérias-primas essenciais, e por outro lado, no aumento das injustiças sociais, da pobreza, da exclusão, da violência, da criminalidade, do declínio de territórios imensos, tanto em meio rural como em meio urbano.
O cidadão africano exige que haja um resolução ou minimização imediata do problema que está na sua origem, como sobretudo actuar-se sobre as suas causas e capacitar as pessoas afectadas para que de uma forma mais autónoma, construam as bases necessárias para um futuro comum, menos incerto e capaz de garantir melhores condições materiais e imateriais de vida. Os territórios em declínio, com forte despovoamento e/ou envelhecimento, pessoas excluídas ou em forte risco de exclusão, necessitam dum processo de natureza educativa e de medidas substantivas onde se adopte cursos de segunda oportunidade escolar ou de formação profissional, incentivos ao auto-emprego e à microempresa, acompanhadas por um processo intenso de forma a transformar os cidadãos em efectivos participantes do processo em curso, apoiando-os num percurso que lhes permita atingir com sucesso os projectos pessoais ou colectivos em que se revejam, se responsabilizam e para os quais se sintam confiantes e capazes. É uma função crucial a desempenhar, sobretudo tendo em vista a inclusão da população africana marginalizada do acesso a serviços e bens essenciais à sua qualidade, e uma função que o Estado não cumpre e o Mercado recusa, por se tratar de uma clientela insolvente, logo de fácil montra a pedidos de ajuda financeira externa que serve, em grande medida, para outros fins.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Intervenção crescente da China em África

O comércio bilateral entre a China e os países de língua portuguesa aumentou cerca de 60% no 1º semestre, para 18,8 mil milhões de dólares (segundo a agência noticiosa portuguesa Lusa). Este fluxo deve atingir os 50 mil milhões de dólares até 2009, cujas relações económicas bilaterais será moldado cada vez mais por oscilações de vantagens comparativas e alterações nas cadeias globais de abastecimento. As exportações africanas para a China cresceram mais de cinco vezes desde o ano 2000, tendo atingido 28,8 mil milhões de dólares no ano passado; a China exportou em 2006 quase 27 mil milhões de dólares para o continente africano, também um crescimento de cinco vezes no referido período. As importações africanas da China são constituídas principalmente por bens manufacturados (45%) e maquinaria e equipamento de transportes (31%), enquanto as chinesas repartem-se pelo petróleo (62%) e derivados (13%) e outros (17%), em que se incluem produtos agrícolas. Neste sector, há em África uma grande procura por satisfazer mas cabe aos governos assegurar o correcto aproveitamento, a nível económico e social, nos respectivos países, dos dividendos do processo de interligação crescente.

sábado, 1 de setembro de 2007

Empobrecimento do solo africano

A dotação no continente africano, de capacidade e infra-estruturas minimamente eficientes, promovendo mais emprego, mais produção e menos dependência de ajuda externa, e sua integração na grande rota comercial da globalização tem causas, os impactes ambientais.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mutilação Genital Feminina (MGF)

A remoção do clitóris “Mutilação Genital Feminina” e “Circuncisão Feminina” são usadas para se referir ao mesmo fenómeno: a excisão, a clitoridectomia, a infibulação e todas as outras práticas semelhantes. Ela é muito comum em 28 países de África, de regiões do Oriente Médio e da Ásia e é feita por parteiras ou por mulheres idosas da comunidade, que utilizam objectos cortantes, como lâminas ou pedaços de vidro (as meninas são submetidas a uma operação sem quaisquer tipos de anestesia e preparação sanitária ou médica, com objectos que chegam a ser utilizados diversas vezes sem que sejam esterilizados). Sejam quais forem as razões, a MGF é antes de mais uma violação dos direitos da criança, é obsoleta para qualquer sociedade que preze os direitos humanos e traz consequências graves quer físicas quer psicológicas. "Nenhuma razão cultural, médica ou outra poderá jamais justificar uma prática que causa tanta dor e sofrimento", "Independente da origem cultural, ela é completamente inaceitável e deve ser ilegal onde quer que aconteça." disse David Blunkett, ministro do Interior inglês em 2004.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Distribuição de água no continente africano

As fontes de abastecimento de água potável estão praticamente a extinguir-se. No ano de 2025, esta procura irá crescer fortemente, com tendência a afectar a saúde humana, o crescimento da economia, a estabilização política e o meio ambiente.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Empreendedorismo africano(2)


...Afinal o que é, e para que serve o empreendedorismo? O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo e tem sido utilizado sob diferentes significados. Contudo, a sua popularidade renasceu nos últimos tempos, como se tivesse sido uma "descoberta súbita" e viesse definitivamente alterar a economia. Será que todos sabemos para que serve? Há certamente dúvidas. Será que o empreendedorismo, relacionado com a criação de empresas, tem a ver apenas com empresas de inovação? A ideia de que existe uma forte ligação entre inovação e empreendedorismo é defendida por Peter Drucker quando diz "inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio através do qual explora-se a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente". Pode então, ser apresentada como uma disciplina, pode ser aprendida, pode ser praticada até morrer, e está-se sempre a aprender, indisfarçavel, confrontando-nos com a dramaticidadede de nos mantermos competitivos no mercado, de conseguirmos ser "operacionais" em diversos cenários organizacionais (saber-ser, saber-fazer e saber-agir), transformarmando o léxico do gestor de que os pobres não são vítimas ou pesos, mas empreendedores criativos e consumidores conscientes. Estamos a falar de cerca de 80% da humanidade, mais de 4 mil milhões de pessoas que esperam melhor qualidade de vida e precisam da intervenção no seu desenvolvimento. África só pode aspirar ao crescimento económico sustentável se tornar a sua administração pública e empresas mais eficientes, abertas e competitivas. Todas as ilusões, em contrário, são altamente nocivas e só beneficiam quem dispuser de poder de mercado que lhes permite tirar partido da fraqueza dos consumidores, dos contribuintes e dos concorrentes mais fracos. Estas são as questões a tratar. O caminho a percorrer é longo e difícl, em boa medida, porque está em causa a alteração de hábitos e preconceitos acenstrais. Os sucessivos diagnósticos de África identificam como causas do menor grau de desenvolvimento o conjunto de custos de contexto. É reconhecido ser essencial promover a simplificação da legislação e dos procedimentos das áreas centrais da actividade das instituições e das empresas, bem como desenvolver práticas de avaliação sistemática do seu impacto, como forma de acelerar o desenvolvimento económico, ser capaz de atrair investimentos e projectos, nacionais e estrangeiros, de qualidade, que criem valor acrescentado, aumentando o emprego.


Os passos no sentido do domínio dos fundamentos de gestão de um projecto é, de certa maneira, a identificação das características que diferenciam o mercado "internacional" do "doméstico", para procurar de seguida os instrumentos adicionais de gestão que permitam conciliar o "projecto doméstico" e o "projecto internacional", se é que tais diferenças existem, mas tal não deve deixar de ser feito por inalienáveis razões de carácter metodológico, pois a empresa que não está habituada a defrontar a concorrência estrangeira no "seu" próprio mercado sofre um impacte negativo, ao nível primário dos produtos importados e vê-se confrontada pelo aprofundamento do processo interno, de integração africana, com uma concorrência em todos os mercados em que opera a montante e a jusante, isto é, não só nos mercados dos seus produtos, mas também no mercado de factores (mão-de-obra, matérias-primas, entre outros) e até no "mercado institucional", sofrendo a imposição de novas regras, também elas "importadas". Esta internacionalização "passiva", ou "por contacto", não pode ser ignorada na formulação de estratégias das empresas, por pequenas que sejam. Neste sentido, grande parte das empresas africanas deve encontrar-se também num processo de internacionalização. É que, do ponto de vista geográfico, no mercado relevante de cada uma delas encontram-se produtos (se não mesmo empresas) estrangeiros em competição directa com os dela. Nesta perspectiva, só as muito pequenas empresas, em mercados de expressão regional muito reduzida e com características de quase-autarcia, parecem estar imunes a esta internacionalização por contacto, pelo menos em termos directos e estáticos. Em termos indirectos e dinâmicos, todavia, não se crê que essa situação seja durável porque, a todo o momento, pode aparecer um novo produto importado. O acto de gestão do empreendedorismo, pelo gestor deve ser feito com base num diagnóstico consciente que incorpore todos os elementos significativos para a análise, designadamente a componente internacional. Vale isto por dizer que a focalização na internacionalização "de dentro para fora", isto é, centrada nos movimentos de desenvolvimento estratégico de empresas localizadas num país africano, devem passar de uma atitude passiva para uma pró-activa, o da criação de valor no contexto de uma economia de mercado. As empresas procuram desenvolver actividades em que os recursos consumidos (encarados em termos latos) sejam inferiores aos proveitos que delas decorrem - criando, com isso, valor. Esta noção pode ser estendida a outras organizações, nomeadamente a entidades non profit, caso em que os proveitos decorrentes da actividade não se medem exclusivamente na perspectiva da própria organização, porque há outros grupos que retiram benefícios da actividade desenvolvida, impondo-se, por isso, uma medição mais ampla que os englobe. Sempre que as organizações actuam em mercados competitivos, a experiência mostra que a concorrência cria condições que levam, mais tarde ou mais cedo, a que o custo dos recursos consumidos para desenvolver uma actividade se aproxime dos benefícios que dela são extraídos. Para evitar que isto aconteça, há que encontrar formas de diferenciar a oferta. A organização sobrevive quando o seu nível de eficiência é suficiente para continuar a operar no segmento de mercado determinado pelo grau de diferenciação conseguida. Todos nós estamos mais ou menos familiarizados com o paradigma da concorrência perfeita, muito usado em Economia para ilustrar condições extremas de funcionamento dos mercados. Em concorrência perfeita não há diferenciação: todas as empresas que actuam no mercado são semelhantes, com igual capacidade de negociação com clientes ou fornecedores e nula capacidade de influenciar preços. Daí que ninguém obtenha rendimentos anormais e que os recursos consumidos acabem por ser idênticos aos benefícios extraídos da actividade - o lucro económico é nulo por força da concorrência entre múltiplos agentes não diferenciados.


Apesar destas diferença, devemos ter a consciência de que as organizações incapazes de se diferenciarem dos seus concorrentes dificilmente serão alguma vez capazes de criar valor, ou, no mínimo, de sustentar durante muito tempo a sua capacidade de criar valor. As organizações diferenciam-se de formas muito variadas:
- algumas são dotadas de uma arquitectura organizacional que lhes confere uma flexibilidade, uma capacidade de acumular conhecimento e de o distribuir internamente que as torna instituições de excepção nos mercados em que operam;
- há instituições e empresas cuja reputação conquistada representa uma vantagem única sobre os concorrentes e que usam essa característica diferenciadora para aceder a mercados onde conseguem criar valor;
- há empresas que nasceram sob a luz de uma estrela particularmente favorável: por exemplo, o Estado atribuiu-lhes um monopólio legal. Aproveitando essa capacidade diferenciadora, só muito dificilmente não conseguirão criar valor;
- outras empresas, ainda, cresceram de tal forma que adquiriram uma posição dominante no mercado, a capacidade diferenciadora que lhes permite criar valor.

Mas, para além destas, existe uma capacidade diferenciadora importantíssima que, quando correctamente aplicada pode conduzir à criação de valor: a capacidade de inovar. Mercado livre e concorrência não falseada são ojectivos e a razão de ser do projecto africano. Apesar destes objectivos, vive-se inteiramente fora do tempo, muito pouco a ver com preocupações sociais e nos incentivos para investir. Pergunta-se normalmente, como é possível que a governação africana apoiada por "sofisticadas máquinas", em termos de comunicação social, revele a cada passo tanta incapacidade de transmitir correctamente a população as suas mensagens? O simples facto de terem dito não é suficiente. É necessário que sejam entendidos, tal como pretendiam, de modo que a população africana adopte o seu próprio ritmo e se provoque o ponto de viragem, retratada numa equação mais vasta, tendo em conta os recursos mobilizados para as funções sociais, os resultados e outras realidades sociais. Esta necessidade é ainda maior quando se torna claro que não existe uma correlação simplista entre os recursos públicos associados as políticas sociais e os desempenhos dos países africanos na competitividade e na coesão. É necessário ter em conta as grandes tendências e interrogações. As economias africanas, tal como os seres humanos, nascem (formam-se), crescem (vivem crises de adolescência), amadurecem (normalizam-se as relações internas, onde cada um sabe o que tem a fazer, apontam-se objectivos comuns), atingem resultados e começam o respectivo declínio (até morrerem...). Será possível ressistir a este ciclo? O saldo das relações económicas tem sido negativo em África, traduzindo-se em mais consumo, mais gastos face ao que se produz, e compensado por mais ajuda e endividamento externo que se terá de pagar mais cedo ou mais tarde por níveis de desperdícios obscenos e por um comportamento irracional dos governantes africanos. Mas para que o desiderato popular se cumpra, é necessário desenvolver, com carácter prioritário e consistente, uma nova cultura institucional de excelência. Adicionalmente, os africanos terão de ser capazes de servir de suporte à implementação, em tempo útil e com sucesso, as estratégias melhor adequadas para as exigências do processo de mudança porque os pobres não são vítimas ou pesos, mas na maioria empreendedores criativos e consumidores conscientes.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Salários mínimos

O salário mínimo de Moçambique é de 60 dólares norte-americanos (cerca de 1.529 meticais ao câmbio de USD 25.49), contra os cerca de 110 dólares americanos (aproximadamente 2.800 meticais) auferidos por um trabalhador da mesma categoria no Botsuana. A Namíbia paga perto de 65 dólares, o Madagáscar cerca de 70 e a África do Sul pouco mais de 100 dólares. Entretanto, em Cabo-Verde discute-se que é preciso dar aos caboverdianos empregados o mínimo de convergência para a sua subsistência, um salário mínimo de convergência e diversificado em função dos sectores de actividade. Parafraseando o Primeiro-Ministro José Maria Neves: o próprio mercado deve estabelecer os níveis salariais que prefere pagar, deve-se trabalhar para gerar novos empregos de modo a reduzir substancialmente a taxa do desemprego antes de pensar-se na fixação de um salário mínimo. Por exemplo, a Guiné-Bissau tem um salário mínimo e deve aos seus funcionários 10, 12 meses de salários. Angola tem um salário mínimo de 40 e tal dólares..., Cabo-Verde nas construções das imobiliárias turísticas, o salário mínimo é de 17 mil escudos e um salário médio de cerca de 35 mil escudos, na função pública o salário mínimo é de 14, 15 contos.

sábado, 28 de julho de 2007

O colapso do Zimbabué (2)

...Intensifica-se a campanha de detenção de comerciantes e empresários, com a acusação de ignorar as exigências do Governo para reduzir para metade os preços ao consumidor. Por exemplo, as bombas de gasolina são obrigadas a baixar os preços em 66% e as empresas rodoviárias a reduzirem as tarifas em 80% (devido a descida dos preços do combustível). Um economista do Executivo "garante que esta política de preços tem surtido efeito, no fortalecimento do dólar do Zimbabué (ZWD) no mercado paralelo face à libra esterlina". Os Banqueiros, pelo contrário, afirmam que "o fortalecimento do dólar do Zimbabué se deve ao decréscimo da procura de moeda estrangeira", porque "ninguém quer apostar nas importações, seja de combustível ou outras, para depois vender com prejuízo". O preço das acções na Bolsa de Valores do Zimbabué aumentou 90 vezes no primeiro semestre de 2007, e ao atingir o pico máximo, nestes últimos dias, caíu cerca de um terço. Os corretores atribuém o colapso do mercado ao dito "medo dos investidores, que receiam que as empresas cotadas sejam obrigadas a vender com prejuízo ou que possam ser nacionalizadas". Segundo o FMI, esta medida "contribui para agravar a escassez dos produtos e, deste modo, fomentar ainda mais a inflação". A inflação anual no Zimbabué é colocada perto dos 5.000 % ao ano e poderá chegar aos 100 mil por cento no final de 2007 (opinião de Bio Tchane, director do Departamento Africano do FMI). Neste momento, na prática, o preço de um pão custa agora 50 vezes mais do que há um ano. O governo para contornar e controlar esta subida galopante do custo de vida, criou a nova nota de 200 mil dólares zimbabueanos.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Empreendedorismo africano(1)

Os problemas fazem parte integral do quotidiano dos africanos. Tende-se a pensá-los como algo negativo. Contratempos que evitam que os planos possam ser perfeitos e as suas implementações exemplares. Fáceis, previsíveis, importantes, os problemas, são de todos os tipos, na vida de qualquer pessoa. A única maneira de não ter problemas é nada realizar, nada querer melhorar ou modificar, por nada nos esforçarmos. Como esse estado de aceitação infinita não é compatível com a vida em sociedade, ter problemas é inerente a qualquer realização. A verdade é que os problemas são os nossos melhores amigos. Ajudam-nos a ser melhores, a desenvolver-nos. Não nos deixam estagnar. Testam os nossos limites. Obrigam-nos a superá-los. Põem a nu o que de melhor temos. Modificam as nossas crenças e a nossa maneira de pensar. Transformam-nos. São os problemas que justificam o nosso rendimento pois é pela capacidade de resolver problemas que se distingue a qualidade de cada um. Os medíocres só conseguem trabalhar quando não há problemas. Os razoáveis resolvem os problemas conhecidos, aplicando as soluções do costume. Os bons resolvem os problemas difíceis que quase ninguém consegue. Os excelentes inventam problemas para resolver antes que aconteçam. Dos muitos diagnósticos de África, às vezes, lembram-nos uma fábula budista em que cinco cegos tocam num elefante. Cada um toca numa parte do elefante e diz que são coisas diferentes: uma corda, uma árvore, uma parede,...(tudo dependendo da parte do elefante em que tocavam).

África é um continente com grande potencial, mas com graves deficiências, como a falta de estruturas de saúde, educação, fraca consolidação democrática, guerras e corrupção. É a única região do mundo em declínio. Os testes de esforço financeiro, são muito claros quando usados em estudos económicos, dão-nos a perceber o que acontece, no caso de crescimento do PIB, inflação, desemprego, endividamento das famílias e das empresas, desempenho dos bancos e das seguradores, preços das casas, evolução da bolsa, competitividade das exportações, etc. Embora muitos países tenham feito uma transição para a liberdade, esta não é definitivamente, uma expressão que possa ser aplicada ao mapa africano. Segundo dados da organização internacional Freedom House, dos 52 países apenas onze são classificados como “livres”. Será que os africanos querem mesmo assegurar o desenvolvimento da economia africana? Para os africanos em geral vive-se da incerteza do que lhes reserva mais um dia, habituados à fome, à miséria extrema, à indiferença, apesar de algum progresso feito e das promessas de reduzir a pobreza extrema até 2015, mas as metas ainda estão longe de ser alcançadas, sobretudo na região da África Subsariana, onde o fosso de pobreza continua a ser o maior do mundo. Por exemplo, até 2008, 3,3 biliões de pessoas - ou metade da população mundial actual – viverá em áreas urbanas. Esse número aproximará a 5 biliões de pessoas até 2030, cerca de 60% da população mundial, segundo estimativas do Fundo de População das Nações Unidas (in Relatório da “Situação da População Mundial 2007”), e cujo crescimento da população urbana será mais intenso em África e na Ásia, pois estima-se que, no espaço de uma geração, entre 2000 e 2030, a população urbana da Ásia crescerá de 1,4 bilião para 2,6 biliões de pessoas e do continente Africano, de quase 300 milhões para 740 milhões. Este crescimento urbano futuro, será na sua maioria de gente jovem e ambiciosa pronta para dar o "salto". Será que não existe uma solução para uma urbanização adequada em África que possa ajudar a reduzir a pobreza, nomeadamente acesso à terra, lotes com infra-estruturas básicas (ruas de acesso, abastecimento de água, saneamento, energia, recolha de lixo e um endereço postal)? Ou este agravamento da desigualdade é a inevitável consequência do novo modelo do capitalismo global da era Web? No livro “A Cultura do Novo Capitalismo” de Richar Sennet, somos confrontados com um modelo que faz vítimas entre pessoas qualificadas e não qualificadas. É um mito pensar que quem estuda terá emprego. Este “novo capitalismo” que deixou de ser weberiano (de Max Weber) para ser Webriano (de Web) tem mais semelhança com os primórdios da revolução industrial que com os tempos que se seguiram. O problema está em usarmos e aplicarmos muitas vezes mal as palavras, e não os conceitos em si, e no meio disto tudo, corre-se o risco de passaram a clichés sem ter impacto no problema fundamental – um fraco espírito de empreender, de inovar, de mexer, de criar…

terça-feira, 12 de junho de 2007

Luta contra o trabalho infantil

Dia mundial de luta contra o trabalho infantil. Esta data não pode reduzir-se a um mero ritual, alheio das dificuldades da população pois milhões de crianças em África continuam sendo vítimas de males como a pobreza, doenças e conflitos armados. As infâncias destas crianças são desperdiçadas em trabalhos de pouco valor económico, que as mantêm a um nível abaixo da de subsistência e lhes entorpece a mente, para além de minar a criatividade e o potencial de aprendizagem de comunidades inteiras de futuros trabalhadores. Estas crianças são exploradas de 12 a 16 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano e o número é crescente dia-a-dia especialmente em África onde o trabalho, pode-se considerar que resume-se a buracos de lama, campos de secagem, fornos, montes de pedra, vendas ambulantes, exército considerados rebeldes, entre outras actividades pouco claras a luz do dia e onde as meninas cumprem uma dupla jornada de trabalho, realizando tarefas domésticas, cozinhar e cuidar da família, o que reduz ainda mais o seu tempo de lazer. À noite, muitas delas dormem ao relento ou em abrigos improvisados totalmente desprovidos de condições sanitárias. O abandono escolar é preocupante. Para elas não há escolas e, para muitas, não há nem mesmo família. Para outras ainda os pais foram forçados a vendê-las como escravas ou então dependem dos míseros salários que elas podem fornecer. Muitas iniciativas estão em andamento. Para tal precisamos de combater a corrupção nos governos, que permite a expansão do tráfico e desestabiliza muitas economias. A Convenção nº 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no seu artigo 2º, item 3, fixou como idade mínima recomendada para o trabalho em geral a idade de 15 anos. No caso dos países-membros considerados muito pobres, a Convenção admite que seja fixada inicialmente uma idade mínima de 14 anos para o trabalho. Recomendou ainda uma idade mínima de 18 anos para os trabalhos que possam colocar em risco a saúde, a segurança ou a moralidade do menor e sugeriu uma idade mínima de 16 anos para o trabalho que não coloque em risco o jovem por qualquer destes motivos, desde que o jovem receba instrução adequada ou treinamento vocacional. Moçambique ratificou as Convenções 138 e 182 da OIT, sobre a proibição do uso de crianças para a exploração do trabalho infantil, em 2003, estipulando a idade de 15 anos como a mínima recomendável para o emprego de crianças no trabalho. Angola, Cabo Verde e S.Tomé e Príncipe estipularam os 14 anos, enquanto que Brasil e Portugal passaram a considerar os 16 anos. A OIT estabeleceu o ano de 2016 como meta para se acabar com a exploração do trabalho infantil no mundo. A responsabilidade de todos é pesada e exigente. Exige-se dignidade, rigor e competência.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Dia de África

Dia da Libertação de África. Na reunião de 1963 (25 de Maio), em Adis Abeba, capital da Etiópia, líderes africanos criaram a OUA (Organização da Unidade Africana), hoje, União Africana. Dada a importância, a ONU (Organização das Nações Unidas), instituíu em 1972, o dia 25 de Maio, como o Dia da Libertação de África. A OUA ao mostrar-se incapaz de resolver os conflitos surgidos, em todo o continente (guerras, golpes de estado, enorme dívida externa,…), em 1979, fez-se a projecção da necessidade de criação de uma Comunidade Económica Africana (CEA), semelhante à existente na Europa naquela altura. Dez anos depois (1990), a ideia deu os primeiros passos. Chefes de estados da OUA, convidados pelo seu homólogo Líbio, Mouamar Khadafi, reuniram-se extraordinariamente na cidade de Sirte para a criação, não da CEA, mas da União Africana (UA). No dia 11 de Julho de 2002, a UA foi institucionalizada, em Durban, África do Sul, tendo como objectivo fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante às mudanças sociais, económicas e políticas, bem como fazer face aos objectivos enunciados na carta da OUA e no projecto de criação da Comunidade Económica Africana. Nesse sentido, os países africanos estão dispostos a abdicar um pouco da sua soberania e partilhá-la, em múltiplos aspectos, para benefício comum. Paz e desenvolvimento harmonioso são os dois vectores essenciais, deste sonho africano. E para que estes objectivos essenciais nunca se percam, os passos a serem dados pela União Africana podem ser lentos, desde que seguros. Isto quer dizer que a pressa de alguns líderes mais fervorosos e dos mais impositivos deve ter em conta a vontade dos povos (povos do dito corno de África, do Norte de África, do Centro de África, do Sul de África e da Senegâmbia), directa ou indirectamente, pois ainda que seja bem intencionada, a pressa não é boa conselheira porque os consensos e as condições propícias para certos passos levam tempo a serem criados, logo o mais sensato e razoável é ir dando tempo ao tempo, apoiando-se em trabalho produtivo.

O incremento do crescimento económico na África Subsariana está dependente, em grande medida, do aumento dos investimentos em infra-estruturas, da melhoria do clima de investimento, do aproveitamento de qualificações para fins de inovação e de criação de capacidade institucional em todo o continente. O carácter lento e errático do crescimento, sobretudo quando comparado com outras regiões em desenvolvimento, têm sido a principal razão. A pobreza extrema (menos de um dólar por dia em necessidades básicas) aumentou de 36 % da população em 1970 para cerca de 50% da população (300 milhões de pessoas) em 2000. As questões que se levantam normalmente são três questões chave: (i) quais são as oportunidades e opções de crescimento que existem à disposição da gama diversificada de países africanos; (ii) quais são os principais constrangimentos à exploração destas oportunidades e (iii) quais são as escolhas estratégicas a serem feitas pelos governos africanos, bem como pelos parceiros de desenvolvimento, incluindo o Banco Mundial. Numa análise de 45 anos de crescimento de África, verifica-se que é urgente uma gestão prudente dos rendimentos dos recursos, dos choques e a criação de condições para atraírem novos investidores, contemplando medidas que ajudem a elevar a produtividade dos investimentos existentes e dos novos. A característica distinta da experiência de crescimento de longo prazo de África é o seu histórico formato em U, revelando uma profunda e prolongada contracção do crescimento entre 1974-1994, um período condensado entre taxas de crescimento moderadamente altas da década de 60 e dos anos que se seguiram a meados da década de 90. A desaceleração global dos anos 70, que começou com um conjunto de choques no mercado energético e nas matérias-primas tropicais, levou muitos países africanos a uma contracção absoluta, que durou cerca de 20 anos – as décadas perdidas – mas, em 2005, o crescimento africano retomou os níveis dos anos 60 para economias muito maiores e mais diversificadas. A partir de 1995, mais de um terço dos países da África Subsariana regista taxas de crescimento médias superiores a 5%. Dois factores principais são apontados como a causa do lento crescimento de África ao longo das décadas perdidas: uma taxa relativamente baixa de acumulação de capital e uma reduzida taxa de crescimento da produtividade para os investimentos que eram feitos na região, comparativamente à produtividade registada noutras regiões em desenvolvimento. Se bem que os rendimentos per capita em África e na Ásia Oriental fossem praticamente iguais em 1960, no final do século XX, o rendimento per capita da África Subsariana – mesmo depois dos ajustamentos para diferenças do poder de compra – foi menos do que um quarto do que da Ásia Oriental. À excepção do Botswana e das Ilhas Maurícias, o crescimento no resto da África Subsariana tem sido episódico nas quatro décadas após 1960, resultando daí que a região ficou ainda mais atrás do resto do mundo em desenvolvimento e, no que toca a níveis de rendimento, regrediu relativamente aos valores de 1960. Em 2004, o rendimento per capita em nove países africanos estava nos níveis de 1960. No mesmo ano, os rendimentos per capita de 13 países africanos de rendimento médio eram 60% mais altos do que os níveis registados em 1960, correspondendo a um total combinado de 66% de todos os rendimentos auferidos na região. Os rendimentos per capita de Zâmbia e da Costa do Marfim quase que não progrediram relativamente aos seus níveis de 1960. A Somália e a Libéria perderam significativamente níveis dos seus rendimentos relativamente ao início dos anos 1960. A fuga de capital de África tornou a situação ainda mais calamitosa. Estimou-se que, em 1990, os cidadãos africanos detinham cerca de USD 360 000 milhões, ou 40% da sua riqueza, fora de África, comparativamente a apenas 6% na Ásia Oriental e 10% na América Latina. O continente africano é capaz de recuperar o passo do crescimento robusto de 1960 a 1973. Os países têm que criar condições certas para beneficiarem das oportunidades oferecidas pela economia global em crescimento e pela tecnologia de base informática. No meio destas condições, é fundamental que se baixem os custos indirectos, que limitam gravemente o crescimento encabeçado pelas exportações, que se invista em qualificações e se apoie a inovação para promover a produtividade e a competitividade. Entretanto, estima-se que em África, os custos com as dificuldades na execução dos contratos, infra-estrutura inadequada, crime, corrupção e regulação podem representar mais de 25% das vendas ou mais de três vezes o que as empresas tipicamente pagam em impostos. A cooperação é uma necessidade global mas falta a cooperação estratégica que é um ingrediente para a concretização das reformas e medidas desejadas. Muita da designada cooperação económica é apenas e tão só uma nova forma de exploração que se alicerça no conluio entre poderosos empresários e alguns ditadores locais. É nesta perspectiva, que a globalização, a tão endeusada globalização, assume o papel de branqueador de todos estes negócios. No passado, havia colonizados e colonizadores, hoje, há globalizados e globalizadores que se apoiam na conivência de alguns governantes locais corruptos. Deste modo, é necessário que cada país africano identifique oportunidades, constrangimentos e escolhas estratégicas para a prossecução do crescimento necessário e a redução da pobreza, porque não se quer a precariedade, a insegurança, a instabilidade, o aumento do desemprego, as discriminações, as injustiças e a redução do poder de compra.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Desafios de África

Nas últimas décadas, África acumulou um conjunto de condicionalismos estruturais ao desenvolvimento sustentável, expressos no crescimento baseado em produtos de baixo valor acrescentado e fraca produtividade, o que se tem reflectido negativamente na competitividade. O posicionamento, a competitividade e a divergência face à média mundial são pontos para os quais importa ter sensibilidade, não para que nos indiquem causas e soluções directas, mas tão simplesmente para saber onde estamos e para onde queremos ir. O fenómeno da globalização intensifica a concorrência entre as economias, a cada dia que passa colocando desafios a muitas regiões como um todo. A China e a Índia são, de facto exemplos extraordinários das oportunidades proporcionadas pela Globalização. Prevê-se que, embora se mantendo relativamente desfavorecidas em termos de rendimento per capita, já a partir de 2015 venham a ocupar o primeiro e o quarto lugar respectivamente do ranking das economias com maior peso no produto mundial, sendo que a China igualará o peso dos Estados Unidos e superará o da União Europeia. Há cerca de 25 anos atrás, a China e a Índia representavam cada uma apenas 3% do PIB mundial. Os benefícios proporcionados pela ajuda externa e pela Globalização sob a forma de Investimento Directo Estrangeiro, maior integração dos mercados e ganhos de eficiência das empresas, tem permitido a África uma transição para patamares superiores de desenvolvimento e reforço da sua competitividade. Mas, é especialmente exigido uma forte capacidade de ajustamento, i.e., a capacidade de superar os desafios associados à crescente concorrência. As economias actuais necessitam, pois, de uma capacidade de mover recursos mais rapidamente (quer trabalhadores quer capital) para utilizações alternativas, de forma a usufruir das novas oportunidades e a minimizar os custos de ajustamento. Além da necessidade de reformas estruturais (como a reforma da Administração Pública no sentido de aumentar a sua eficiência, eficácia e desburocratização, a reforma do Sistema de Justiça para que funcione de forma mais célere ou o assegurar do funcionamento eficaz do Sistema Fiscal), é tão ou mais urgente a adopção de medidas estratégicas complementares no sentido de garantir maior inovação empresarial, mais Investigação e Desenvolvimento, mais empreendedorismo, melhor clima empresarial e mais (melhor) Educação. Porque temos que reinventar a roda? Se outros já encontraram uma solução melhor para um determinado problema, porque devemos recusar aceitá-la? Se aproveitarmos a oportunidade de comparar a nossa solução com uma solução melhor, podemos até ser capazes de a aperfeiçoar. A mão-de-obra africana, situada além fronteira, tem sido reconhecida e internamente dispontam novos valores, com um bom nível de instrução. Não será altura de beneficiarmos das mudanças qualitativas, aferindo o desempenho e o impacto nos indicadores tradicionais, tal como rendibilidade, complementada com novos indicadores como lead-time e satisfação da população, neste esforço de melhorarmos a competitividade? São apenas requisitos para ajustar África aos desafios de um mundo mais global.

terça-feira, 1 de maio de 2007

1º de Maio

Dia do Trabalhador. Os trabalhadores aproveitam este dia para alertar os governantes e entidades para algumas das suas necessidades, tais como: direitos dos trabalhadores, aumento de salários e melhores condições. Em África, os direitos dos trabalhadores têm evoluído positivamente, vive-se melhor do que há 10 ou 15 anos atrás, mas continua-se a divergir da média mundial, a afastar-se a um ritmo demasiado acelerado. Temos especialmente muito bons salários para alguns e os avanços legislativos e da democracia não se traduzem muitas vezes na prática, face à constante violação sistemática da Lei, sinistralidade laboral e negociação colectiva bloqueada.

O crescimento económico generalizado e o aumento da produtividade são insuficientes para reduzir o número crescente de desempregados e de trabalhadores pobres. Não se criam automaticamente empregos suficientes e os novos empregos não garantem a redução da pobreza. As previsões apontam para uma estimativa de 11 milhões de novos empregos por ano para baixar o nível de desemprego no continente à média mundial. Estima-se também uma taxa de desemprego de 10,3 por cento, contra uma média mundial de 6,3 por cento em 2006. O número de trabalhadores pobres deverá aumentar em mais de 50 milhões de pessoas até 2015. A capacidade das economias africanas em criar empregos é muito fraca, com apenas 8,6 milhões de empregos por ano. As oportunidades de empregos para as mulheres e os jovens, na maior parte dos mercados de trabalho africano, são limitadas. Os jovens africanos são três vezes mais expostos ao desemprego do que os adultos, embora a maior parte dos africanos trabalhem no sector da economia de subsistência. O trabalho infantil continua a ser um dos grandes males do continente. Apesar da percentagem de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham ter caído dos 29% em 2000 para 26% em 2004, o número também subiu de 48 milhões a 49,3, devido ao aumento da população. Até 2015, a redução para metade da pobreza extrema terá que ter um impulso acima desta média e uma estratégia de crescimento centrada no emprego mais orientada para políticas sobre a incapacidade de África em criar mais empregos e melhor remunerados. Logo, há que unir esforços e critério de rigor ético, exigência e competência.

sábado, 28 de abril de 2007

Evolução do petróleo

A evolução do preço do petróleo, apesar do aumento da produção em África (numa altura em que a ajuda externa, vinda dos países industrializados, está a diminuir e a ser substituída, em grande parte das nações doadoras, por uma ênfase nas transacções comerciais, como meio de auxiliar os países africanos a fugirem à pobreza), é uma ameaça imediata ao crescimento económico, e os problemas potencialmente mais perturbadores decorrem dos fortes desequilíbrios internos que se verifica. O défice externo gerado indicia situações dificilmente sustentáveis a prazo e a sua correcção desencadea perturbações significativas na situação económica e financeira dos países. Se é verdade que existe um amplo consenso sobre a insustentabilidade a prazo de tais desequilíbrios, já o mesmo se não verifica a propósito das suas causas ou dos mecanismos da sua correcção. É também consensual a análise das consequências dessas diferenças entre poupança e investimento na escala actualmente verificada. As tensões mais recentes sobre a inflação em diversos países vem demonstrar que não podemos ser complacentes com base apenas no ocorrido até agora nas reacções à subida do preço do petróleo.

Em Março, o preço do petróleo manteve uma trajectória ascendente, tendo a cotação média do brent atingido cerca de 62 dólares por barril. Nos primeiros dias de Abril, o preço do crude acentuou a subida que vinha registando desde o final do mês de Março, rondando os 69 US$, ou seja, o valor mais alto dos últimos seis meses. No Mercado de Futuros, o preço médio do barril de petróleo situou-se em 69 dólares para contratos com entrega entre Maio e Dezembro de 2007. O preço médio de importação de petróleo pode evoluir, em geral, ligeiramente abaixo das cotações internacionais se essa evolução reflectir uma descida do preço das ramas descarregadas medido em dólares e um efeito cambial favorável.

Apesar da forte subida do preço do crude, transaccionado nos principais mercados, o New York Mercantile (NYMEX), o International Petroleum Exchange in London (IPE) e o Singapore International Monetary Exchange (SIMEX), com reflexos directos nos custos dos combustíveis e electricidade, o consumo em África não se alterou (tendência crescente). Este comportamento poderá vir a alterar-se se o preço se mantiver em níveis elevados ou se voltarem a recrudescer. Isto coloca delicados problemas à gestão da política monetária, que não pode permitir a generalização de efeitos de segunda ordem do preço de petróleo sobre outros custos e preços, sob pena de consentir na perda de controlo sobre as expectativas da inflação. Entre os efeitos possíveis, caminhar-se no sentido de uma maior eficiência energética, encontra-se a maior utilização dos transportes públicos ou a procura de uma rentabilização do transporte automóvel privado.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

China em África

Depois da dependência de Mao no poder coercivo e da de Deng no poder económico, a China procura um meio termo que use também o "poder da ideia", pois a tarefa de avaliação do poder chinês continua a ser algo crítica. Ao considerar-se o poder da China como coercivo não reflecte a realidade de crescimento acelerado nos campos económico e intelectual. Há cerca de 40 anos, o sociólogo Amital Etzioni definiu o conceito de poder "como o dos meios empregues para exercê-lo: coerção, incentivo material ou motivação intelectual, e que o poder pode ser constrangedor, remunerador ou normativo - ou reflectir, em termos crus, armas, dinheiro ou ideias". A estratégia complexa da China, envolve abertura ou globalização, e reforma através do mercado e da urbanização, sem acentuar, e limitando, a liberalização política, porque os interesses económicos parecem sobrepor-se a tudo o resto, como o respeito pelos direitos humanos ou pela democracia. O facto de um produto ter a etiqueta "Made in China" não significa que tenha sido feito na China. O país fica com as fases finais de montagem, que acrescentam menos valor, aproveitando a percepção da China que mudou, de ameaças para oportunidades económica. O papel do investiimento chinês no estrangeiro está em alta, coordenando com a sua capacidade, investimentos de empresas, tarifas e outras políticas comerciais, assistência ao desenvolvimento e apoio militar. Entretanto, a corrupção continua a ser um problema, tal como a segurança dos consumidores e a protecção dos direitos de propriedade intelectual. O interesse chinês em África tem sido motivado pelas necessidades crescentes de matérias-primas, nomeadamente petróleo e madeira. As trocas comerciais entre a China e os países da CPLP, excluindo Portugal, vão de vento em popa. Entre Janeiro e Outubro de 2006, Angola superou a África do Sul, tornando-se no maior parceiro comercial da China em África, com as trocas bilaterais a ascender a 7,18 mil milhões de euros, segundo o Ministério chinês do Comércio. Esta importância resulta do facto de Angola ser já, em África, o maior fornecedor de crude da China. Em Janeiro de 2005 Angola anunciou que ia contrair dois mil milhões de dólares em empréstimos, com baixas taxas de juro para reparar as suas infra-estruturas petrolíferas, uma verba que foi reforçada em Março de 2006 em mil milhões de dólares. Entretanto, embora a China seja contra as sanções impostas ao Sudão, tem neste país o seu terceiro maior parceiro comercial em África, com trocas a ascender a 2,9 mil milhões de dólares, entre Janeiro a Novembro de 2006, e no qual o Sudão foi responsável por menos de 3% das importações de petróleo chinesas. Deve-se se salientar que o petróleo sudanês é de mais fácil refinação, e a China investiu pesadamente nas infra-estruturas petrolíferas sudanesas, o que ajudou o país a tornar-se num exportador líquido de petróleo. Em todo o continente, vozes críticas se levantam, apontam o dedo a Pequim e aos líderes africanos, por inundar-se o continente com milhões de dólares, sem fortificar a luta contra a corrupção, melhoria dos direitos humanos, cumprimento da democracia e principalmente sobre a forma como a riqueza natural está a ser gerida!?

quarta-feira, 4 de abril de 2007

O colapso do Zimbabué (1)

O exército e a polícia em decadência. As greves e os cortes de electricidade multiplicam-se. Outros serviços essenciais praticamente já não são assegurados. A inflação anual no Zimbabwe atingiu 2200 por cento em Março, contra 1729 no mês precedente. Robert Mugabe continua preso num circulo vicioso. Bastaram algumas semanas para que os aumentos de salário concedidos aos funcionários públicos (300 por cento em Janeiro) tivessem sido devorados pela inflação. O regime em falência só pode conceder novos aumentos se cunhar moeda, o que provocaria ainda uma escalada maior da inflação, exigindo novos aumentos de salários. A tensão nas ruas de Harare é palpável. As pessoas estão reduzidas a vasculhar os caixotes do lixo para ganhar um pouco de dinheiro, arranjar comida e conseguir pagar os transportes. Os mais sortudos, aqueles que tem emprego, nem sequer dispõem de dinheiro para pagar um bilhete de autocarro. Uma professora do ensino básico, de 35 anos, com seis anos de antiguidade ganha 20 euros por mês. Quatro dos maiores hospitais têm estado paralisados há semanas por greves sucessivas dos internos, cujos salários atingem no máximo 9 euros líquidos por mês e como a distribuição de água deixou de ser assegurada, a capital está em estado de alerta máximo de uma possível epidemia de cólera. Mugabe tem reagido dizendo que "não tolera qualquer protesto" e que conta com o exército e a polícia para restabelecer a ordem. Ora, segundo fontes militares, apesar de serem melhor remunerados que os professores ou as enfermeiras, vivem em condições "deploráveis". Abaixo da patente de coronel, a maior parte dos soldados ganha menos de um dólar por dia, vivendo abaixo do limiar da pobreza, segundo os padrões internacionais. Infelizmente, o desabamento da economia é um maná para a elite corrupta que gravita à volta do Presidente e que já enriqueceu com as exportações dos agricultores brancos. Os notáveis do partido no poder podem comprar dólares ao banco central a uma taxa de câmbio oficial irrisória e revendê-los no mercado negro, obtendo um lucro de 2000 por cento. Também têm a gasolina a um preço 12 vezes inferior ao praticado no mercado. É uma situação muito complicada. Resta saber até quando!?
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terça-feira, 27 de março de 2007

Marca "África"

Duma cultura marcadamente material, na viragem do novo século, passamos para uma cultura de bens imateriais. Uma subjectivadade na era da mundialização em que os países do continente africano são movidos pelas estratégias de equilíbrio geográfico. O carácter apaixonante e frequente do debate da marca, é um indicador da importância que ela adquiririu e de uma nova sensibilidade da opinião pública a este respeito. Mostrar sem disfarce e, às vezes, com rispidez, qualidades, fraquezas, virtudes e inclinações menos admissíveis do valor e da conduta, advém do facto, concerteza consensual, que a percepção que se tem de África e dos países que a constituem passa, em larga medida, pela sua identidade cultural. Enfim, a marca oferece-nos um espelho para o qual olhamos, tal como somos e não como gostariamos de parecer que fossemos. Sabe-se que quando as economias entram em crise as classes médias ficam mais fragilizadas, os pobres mais pobres e os ricos ainda mais ricos. Enquanto os pobres definham, os ricos tornam-se freneticamente sedentos de simbologias de exclusividade e diferenciação social. Nada de misturas! Por sua vez, os remediados tornam-se imprevisíveis: Uns, sem solução, acabam por se colar inevitavelmente aos mais pobres e outros vão procurar igualar, artificialmente, os hábitos e os vícios dos mais abastados. A marca emerge, neste cenário, como decisiva e como tal, não deve ser descurada, enquanto espécie da nova economia:
1) Melhorar a reputação internacional de África, enquanto Continente;
2) Facilitar o aumento das exportações dos países de África nos mercados externos;
3) Contribuir para uma cultura organizacional mais orientada para o mercado global e mais centrada, na inovação e no aumento da produtividade;
4) Contribuir para uma cultura institucional mais eficaz, no Comércio, Turismo e Investimento;
5) Criar um instrumento de monitorização contínua da evolução da percepção de África e da eficácia das acções da sua promoção.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Água

Comemora-se hoje o Dia Mundial da Água. Uma data que em vez de ser de celebração, deve ser de reflexão. Dentro de pouco tempo, se nada for feito, mais de metade da população mundial vai ficar sem água potável. Praticamente todos os estudos feitos sobre esta matéria mostram cenários catastróficos. A falta de água não se deve exclusivamente à poluição ou ao consequente aquecimento global do planeta. "O problema básico é a pobreza, não a água", segundo o economista Chuck Howe, da Universidade de Colorado, pois os países em vias de desenvolvimento são os que se dedicam sobretudo à agricultura. E os sistemas de irrigação agrícola e a utlização pouco racional dos recursos hídricos são os principais responsáveis pela extracção excessiva de água do solo.
África está muito aquém dos objectivos de desenvolvimento em matéria de água e saneamento. As principais necessidades sociais como a educação estão estreitamente relacionadas com a água potável e a higiene. As doenças com origem na água consomem as energias e a capacidade de aprendizagem das crianças. Todos os dias, há imensas crianças que não vão à escola por causa de doenças como a diarreia e os parasitas intestinais. Por outro lado, a falta de instalações sanitárias decentes e diferenciadas nas escolas é um obstáculo à escolarização de muitas raparigas. Uma criança que cresce nestas condições tem muito poucas hipóteses de escapar à pobreza. As comunidades pobres vêem o seu potencial humano depauperado por doenças constantes e pela morte. O subdesenvolvimento crónico é uma consequência inevitável. Estima-se que os dias perdidos de escola ou de trabalho representem uma perda de produtividade anual de cerca de 63 mil milhões de USD. As décadas de conflitos, a má gestão da terra pobre e o impacte da seca crescente deixa a maior parte das crianças à mercê de uma grave escassez de água. Mais de 42 por cento da população não tem acesso à água potável e apenas 36 por cento têm acesso a instalações sanitárias. Investir é fundamental.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia Mundial da Poesia

Comemora-se hoje, mundialmente, o dia da Poesia, arte de fazer versos. Todos temos um potencial de criatividade, embora quase nunca o admitamos. Por pudor, por défice de auto-conhecimento, por desmotivação, ou simplesmente por pretensa falta de oportunidade, não conseguimos ver como pessoas criativas. Ou por também confundirmos conceitos, não distinguindo criatividade de inovação ou de originalidade. Tal confusão inibe-nos de perceber como e em quê podemos exercitar a nossa criatividade. Achamos que a criatividade é como uma marca de nicho: só para "eleitos". O consenso generalizado afirma que a criatividade é um dom de poucos e que a grande maioria dos adultos, dos analfabetos, é dele desprovida. Porque a condição humana é mesmo assim. Mais um estigma social. No entanto, a criatividade é um processo individual ou colectivo, presente em todos os domínios da actividade humana e que gera novas soluções com utilidade prática: na família, no ensino, na profissão, no lazer. A criatividade não é um privilégio de elites, profissionais ou outras. É uma competência que se pode identificar e desenvolver em qualquer pessoa, grupo ou organização. Tem ingredientes típicos, com dosagem variada consoante a situação. Uma "expertise" própria e saberes específicos. Um pensamento flexível e imaginativo. E motivação. Muita motivação. Porque a criatividade exige esforço intenso e regular. É uma "energia" que faz falta em todo e qualquer aspecto da actividade organizacional. O poema África dedicado a causa africana.



Dias Internacionais Observados pela Assembleia Geral das Nações Unidas
21 Fevereiro - Dia Internacional da Língua Materna (UNESCO)
08 Março - Dia Internacional da Mulher
21 Março - Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial
21 Março - Dia Mundial da Poesia (UNESCO)
22 Março - Dia Mundial da Água
23 Março - Dia Mundial da Meteorologia (Organização Meteorológica Mundial)
24 Março - Dia Mundial da Tuberculose (Organização Mundial de Saúde)
07 Abril - Dia Mundial da Saúde (Organização Mundial de Saúde)
11 Abril - Dia Mundial da Doença de Parkinson
23 Abril - Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor (UNESCO)
03 Maio - Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
03 Maio - Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (UNESCO)
15 Maio - Dia Internacional das Famílias
17 Maio - Dia Mundial das Telecomunicações (União Internacional das Telecomunicações)
21 Maio - Dia Mundial para o Desenvolvimento Cultural
21 Maio - Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento
22 Maio - Dia Internacional da Biodiversidade
25 Maio - Dia de África
29 Maio - Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas
31 Maio - Dia Mundial do Não-Fumador (Organização Mundial de Saúde)
04 Junho - Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão
05 Junho - Dia Mundial do Ambiente (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
17 Junho - Dia Mundial do Combate à Seca e Desertificação
20 Junho - Dia Mundial dos Refugiados
26 Junho - Dia Internacional Contra o Abuso e Tráfico de Droga
26 Junho - Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas de Tortura
11 Julho - Dia Mundial da População (UNFPA/FNUAP)
1º Sábado de Julho - Dia Internacional das Cooperativas
09 Agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas
12 Agosto - Dia Internacional da Juventude
23 Agosto - Dia Internacional da Recordação do Tráfico Negreiro e da sua Abolição (UNESCO)
08 Setembro - Dia Internacional da Alfabetização (UNESCO)
16 Setembro - Dia Internacional da Protecção da Camada de Ozono
Última Semana de Setembro - Dia Mundial do Mar (Organização Marítima Internacional)
21 Setembro - Dia Internacional da Paz
01 Outubro - Dia Internacional do Idoso
05 Outubro - Dia Internacional do Professor (UNESCO)
09 Outubro - Dia Mundial do Correio (União Postal Universal)
16 Outubro - Dia Mundial da Alimentação (FAO)
17 Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
24 Outubro - Dia das Nações Unidas
24 Outubro - Dia Mundial da Informação sobre o Desenvolvimento
1ª segunda-feira de Outubro - Dia Mundial do Habitat
2ª quarta-feira de Outubro - Dia Internacional da Prevenção das Catástrofes Naturais
06 Novembro - Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Ambiente em Guerra e Conflito Armado
10 Novembro - Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento (UNESCO)
16 Novembro - Dia Internacional da Tolerância (UNESCO)
20 Novembro - Dia da Industrialização da África
20 Novembro - Dia Universal da Criança (UNICEF)
20 Novembro - Dia da Filosofia (UNESCO)
21 Novembro - Dia Mundial da Televisão
25 Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
29 Novembro - Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano
01 Dezembro - Dia Mundial da SIDA (Organização Mundial de Saúde)
02 Dezembro - Dia Internacional para a Abolição da Escravatura
03 Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
05 Dezembro - Dia Internacional dos Voluntários para o Desenvolvimento Económico e Social
07 Dezembro - Dia Internacional da Aviação Civil (Organização Internacional da Aviação Civil)
10 Dezembro - Dia dos Direitos Humanos
11 Dezembro - Dia Internacional das Montanhas
18 Dezembro - Dia Internacional das Migrações

Anos Internacionais Proclamados pela Assembleia Geral das Nações Unidas
2003 - Ano Internacional da Água Doce
2004 - Ano Internacional do Arroz
2004 - Ano Internacional da Comemoração da Luta Contra a Escravatura e a sua Abolição
2005 - Ano Internacional do Microcrédito
2005 - Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)
2006 - Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação
2007 - Ano Internacional da Heliofísica
2008 - Ano Internacional do Planeta Terra
2008 - Ano Internacional da Batata


Décadas Internacionais Proclamadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas
2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
2003-2012 - Década das Nações Unidas para a Alfabetização
2001-2010 - Década Internacional para uma Cultura da Paz e da Não-Violência para as Crianças do Mundo
2001-2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo
2001-2010 - Década para Reduzir a Malária nos Países em Desenvolvimento, particularmente em África
1997-2006 - Primeira Década para a Erradicação da Pobreza
1995-2004 - Década da Educação para os Direitos Humanos
1994-2004 - Década Internacional dos Povos Indígenas
1993-2003 - Terceira Década do Combate ao Racismo e à Discriminação Racial